Autor(es):
Oliveira, Márcia Cristina Almeida
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/27607
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Feminismo; Portugal; Artes plásticas; Neo-vanguarda; Feminism; Visual arts; Neo-avant-garde
Descrição
Tese de doutoramento em Ciências da Literatura (área de especialização em Literatura Comparada) Arte e Feminismo em Portugal no período pós-Revolução constitui-se como um estudo
diacrónico da produção artística no feminino em Portugal nas décadas de 1960 e 1970,
centrando-se no trabalho de artistas com actividade desenvolvida no período delimitado
por duas datas: 1956, ano de criação da Fundação Calouste Gulbenkian, e 1977, ano em
que ocorreram as exposições Alternativa Zero: Tendências Polémicas na Arte Portuguesa
(Galeria Nacional de Arte Moderna, Lisboa) e Artistas Portuguesas (SNBA, Lisboa).
Tratando-se esta de uma época de extraordinárias revoluções em termos de paradigmas
artísticos a nível global, o facto é que esta se tratou também de uma altura marcante no que
concerne à participação das artistas portuguesas na cena artística nacional, sendo que estas
protagonizaram uma notável movimentação das margens para o centro da mesma. Esta
investigação pretende pôr em contacto todas estas “revoluções”, ancorando-se numa
discussão informada por pressupostos teóricos dos estudos feministas e da estética,
procurando encontrar através de diversos cruzamentos entre prática e teoria uma linhagem
de efeitos feministas na arte portuguesa da neo-vanguarda. Depois de esboçada uma
contextualização da arte feminista circa 1970, bem como uma necessária descrição da
cena artística nacional do período em questão, apresentamos uma argumentação construída
a partir das obras de arte em concreto e de um conjunto de conceitos operativos que nos
permitirão concluir acerca dos efeitos feministas que as mesmas encerram. A pesquisa que
ora apresentamos baseou-se numa discussão dialógica das obras e dos seus processos,
questionando temas e paradigmas como o cânone, a relação entre feminismo e estética, a
figuração e a abstracção, o feminismo enquanto micro e macro-política ou diversas noções
de espaço que se engendram em torno de uma obra de arte, quer em termos formais, quer
em termos conceptuais. No geral, apresenta-se uma releitura da neo-vanguarda portuguesa,
profundamente marcada pela radical alteração do papel e da posição das artistas no
contexto nacional, do qual emerge uma rede de traços, afectos e efeitos (políticos e
estéticos) que designamos como feministas. No cerne desta análise, encontram-se obras de
Paula Rego, Maria José Aguiar, Graça Pereira Coutinho, Salette Tavares, Helena Lapas,
Isabel Laginhas, Helena Almeida, Ana Vieira, Ana Hatherly, Clara Menéres, Lourdes
Castro, Túlia Saldanha, Emília Nadal e Marina Mesquita. Portuguese art and feminism in the post-revolution context is a diachronic research
of women’s artistic production in Portugal in the 1960s and 1970s, and focuses on
the work produced by women artists in a time frame determined by two dates: 1956,
the year when Calouste Gulbenkian Foundation was created, and 1977, when two
seminal exhibitions were held in Lisbon (Alternativa Zero: Tendências Polémicas na
Arte Portuguesa, at Galeria Nacional de Arte Moderna and Artistas Portuguesas, at
SNBA). Since this was a time of extraordinary paradigm revolutions all over the
globe, the fact is that it was also a pressing time in terms of the Portuguese women
artists’ participation in the national art scene, for they have led a remarkable
movement from its margins to its centre. This research’s main objective is to connect
such ‘revolutions’, being anchored in a discussion based in theories emerging from
fields such as feminist studies and aesthetics, thus trying to map a lineage of feminist
effects in Portuguese neo-avant-garde, emerging from the intertwining of theory and
practice. After drawing a brief context of feminist art circa 1970, we present a
description of the Portuguese artistic context in the defined time frame.
Subsequently, we propound an argument that emanates both from the art works in
question and from the operative concepts that allow us to conclude on the feminist
effects they encompass. The research hereby presented was based on a dialogical
discussion around the art works and inherent artistic processes, questioning themes
and paradigms such as canon, the relationship between feminism an aesthetics,
figuration and abstraction, feminism as micro and macro-politics or diverse formal
and conceptual formulations of space. In general terms, we present a re-reading of
the Portuguese neo-avant-garde, deeply influenced by the radically altered role and
position of women artists in the national context, in which a web of feminist traces,
affects and effects, of political and aesthetic nature, can be excerpted. In the core of
this research is a series of art works by the Portuguese artists Paula Rego, Maria José
Aguiar, Graça Pereira Coutinho, Salette Tavares, Helena Lapas, Isabel Laginhas,
Helena Almeida, Ana Vieira, Ana Hatherly, Clara Menéres, Lourdes Castro, Túlia
Saldanha, Emília Nadal and Marina Mesquita.