Author(s):
Marques, Aldina
Date: 2008
Persistent ID: http://hdl.handle.net/1822/27048
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Subject(s): Acto ameaçador (FTA); Arrogância; Discurso político; Ethos; Acte menaçant (FTA); Arrogance; Discours politique
Description
Os políticos são arrogantes. Este enunciado é a expressão de um saber partilhado, doxal, a representação de uma imagem social dos interlocutores do discurso político português. A atribuição de tal característica decorre de um acto avaliativo negativo que pressupõe a interacção verbal prévia, a relação – problemática – com o interlocutor (restrinjo-me à arrogância verbal, ainda que as dimensões paraverbais – mímica, linguagem corporal, tom – não sejam negligenciáveis).
Pretendo, por isso, analisar, no discurso político parlamentar português, a construção do ethos de arrogância, analisar o modo como as características do género de discurso contribuem para a construção deste estereótipo. Com efeito, a polarização da relação com o adversário favorece, por um lado, a derrogação da máxima de modéstia, proposta por Leech (1983) pela realização de auto-elogios e, por outro, o insulto como acto ameaçador (FTA) particular (BROWN e LEVINSON, 1987), em simultâneo com a desvalorização do adversário. Les Politiciens sont arrogants. Cet énoncé est l’expression d’un savoir partagé, doxal; c’est la représentation d’une image sociale des interlocuteurs du discours politique portugais. Cette caractéristique est le résultat d’un acte d’évaluation négative qui présuppose une interaction verbale antérieure, de confrontation entre les interlocuteurs (on ne va considérer que l’arrogance verbale, malgré l’importance des caractéristiques paraverbales de l’interaction).
Dans le discours politique parlementaire portugais, j’analyse la construction de l’ethos arrogant et, en particulier, la façon dont les caractéristiques du genre contribuent à la construction de ce stéréotype. En fait, la polarisation de la relation entre les interlocuteurs favorise l’occurrence, d’un côté, de la dérogation de la maxime de modestie de Leech (1983) par l’auto éloge et, de l’autre, de l’insulte, un acte menaçant (FTA) particulier. Les deux vont de pair avec la discrédibilisation de l’adversaire.