Autor(es):
Moreira, Luís Miguel Alves de Bessa
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/24567
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Tese de doutoramento em Geografia (área de
especialização em Geografia Humana) Durante a Idade Moderna, as imagens cartográficas criadas em Portugal foram,
quase sempre, manuscritas e produzidas em contextos de guerra ou de confronto
geopolítico. Por esta razão, os mapas eram considerados documentos ultra-secretos,
acessíveis apenas a alguns (militares, políticos, diplomatas, governadores).
Deste modo, até ao século XVIII, eram raros os mapas impressos em Portugal e
por isso as elites nacionais eram compelidas a usar mapas estrangeiros, ou de autores
portugueses mas editados no estrangeiro.
Na segunda metade do século XVIII, o Governo português, sob a liderança do
Marquês de Pombal, promoveu o reforço do poder absoluto da Coroa e a centralização
da administração. Tudo isso implicou a realização de várias reformas políticas,
administrativas, económicas, militares e científicas, a fim de promover o
desenvolvimento geral do país em áreas como agricultura, indústria, comércio,
estradas, canais, etc. Para realizar esta missão, os políticos e os técnicos (militares,
engenheiros, arquitectos, ...) necessitavam de mapas atualizados do território.
Juntamente com esta produção nacional, geógrafos, cartógrafos, editores,
gravadores e vendedores de mapas estrangeiros, produziam continuamente imagens
cartográficas de Portugal. Estes materiais cartográficos impressos e publicados no
exterior foram adquiridos pelas elites portuguesas usando-os não apenas como
objetos de conhecimento, mas também como uma base para decisões políticas,
administrativas e militares, transformando estes mapas em cartografia "oficial" do
Estado.
Neste estudo pretende-se confrontar os diferentes mapas de Portugal: quais
são as principais características, as fontes principais, o contexto histórico, suas
finalidades e usos, etc. A sua análise permitirá, por um lado, fazer uma leitura geohistórica
de Portugal ao longo de toda a segunda metade do século XVIII e, por outro,
reconstituir o processo de construção da imagem cartográfica de Portugal por autores
estrangeiros. Desta forma, tentaremos perceber de que forma a cartografia de Portugal
produzida no estrangeiro era aceite e lida pelos portugueses. During the Modern Age Portugal’s cartographical images were almost all
manuscript and created in contexts of war and/or geopolitical confrontation. For this
main reason, maps were top secret documents and only a few (militaries, politicians,
diplomats, governors…) had access to them. The wide majority of the population was
cartographically unaware…
As a direct result, before the 18th century, maps printed in Portugal were scarce
and that is why Portuguese elites were compelled to use either foreign maps or maps
from Portuguese authors but published abroad.
In the second half of the 18th century, the Portuguese government under the
leadership of the Marquis of Pombal promoted the reinforcement of the Absolute
Power of the Crown and the centralization of the Administration. All this implied
several political, administrative, economical, military and scientific reforms, in order to
promote the general development of the country in areas such as agriculture, industry,
commerce, roads, canals, etc. To carry on this mission both politicians and technicians
(militaries, engineers, architects,…) needed updated maps of the territory.
Together with this national production, foreign geographers, cartographers,
editors, engravers and map sellers continuously produced cartographical images of
Portugal. These cartographic materials printed and published abroad were acquired by
Portuguese elites using them not only as knowledge objects but also as a foundation
for political, administrative and military decisions, transforming these maps into
“official” State cartography In this study I intend to confront the different maps of Portugal: what the main
characteristics are, main sources, historical context, their purposes and uses, etc., in
order to clarify the process of constructing the national map of Portugal.
The final outcome of these two contributions were maps that depicted the
country as it was seen by foreigners but also reflected some changes as they were
adapted to be used by the Portuguese public.
In short, for a long period of time, Portugal’s national cartographic identity
relied on how others represented the country. Since early times the Portuguese got
used to see their own country through the eyes of foreigner cartographers.