Autor(es):
Pereira, Rui Pedro Gomes
; Cardoso, Maria José da Silva Peixoto de Oliveira
; Martins, Maria Alice Correia dos Santos Cardoso
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/24210
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Atitudes; Enfermagem baseada em evidências; Barreiras; Comunidade
Descrição
Introdução: Várias pesquisas têm identificado diferentes atitudes e barreiras à prática baseada em evidência (PBE),
nomeadamente em contextos diferenciados. Embora muitos dos resultados destes estudos possam ser transpostos
para os cuidados de saúde primários (CSP), a realidade é que a importância especial e crescente da PBE, justifica o
desenvolvimento de investigação destinada a precisar um diagnóstico de situação às atuais barreiras e atitudes face à PBE
em CSP, especialmente considerando a reorganização e centralidade destes no Serviço de Saúde Português.
Objetivos: Os objetivos de pesquisa foram: a) identificar barreiras percecionadas face à adoção de uma prática de
enfermagem baseada na evidência em contexto comunitário; b) descrever as atitudes dos enfermeiros em relação à prática
baseada em evidência. Para a sua consecução, procedeu-se à ordenação das atitudes e barreiras face à PBE identificadas,
com base na pontuação agregada, considerando apenas as médias que totalizavam scores superiores a 50% (15 em 26
itens).
Metodologia: Desenvolveu-se um estudo transversal, exploratório e descritivo que decorreu numa Unidade Local de Saúde
(ULS) do norte de Portugal, recorrendo à versão teste do “Questionário de Atitudes face à Prática Baseada em Evidência”
(Mckenna, Ashton e Keeney, 2004) e ainda à caraterização de diversas variáveis sociodemográficas. Foram incluídos todos
os enfermeiros (N=129) a trabalhar em contexto comunitário: Unidades de Saúde Familiar, Unidades de Cuidados de
Saúde Personalizados, Unidades de Cuidados na Comunidade e Unidade de Saúde Pública. A colheita de dados decorreu
entre dezembro de 2010 e março de 2011.
Resultados: A amostra (n=95), é maioritariamente constituída por mulheres, sendo a faixa etária mais representativa
dos 21-30 anos. São detentores de especialização em enfermagem 43,16% (n=41), tendo 28,4% (n=27) participado
em trabalhos de investigação. Quanto às principais fontes de informação/conhecimento utilizadas para apoio às práticas,
destacam-se os protocolos e os cursos, em detrimento do acesso a revistas científicas. Complementarmente foi quantificada
a percentagem estimada pelos inquiridos, segundo os quais, a sua prática clínica diária é baseada em evidências: 62,6%
(n=82). Em relação às barreiras identificadas, os resultados obtidos sobrepõem-se aos dos estudos internacionais embora
considerem especificidades nacionais. No geral, as barreiras identificadas são de várias etiologias: pessoal, organizacional,
cultural e científica, embora com predomínio da dimensão pessoal. No que se refere às atitudes é de destacar o elevado
interesse e convicção demonstrados em assumir que uma PBE conduziria à adoção das melhores práticas clínicas e
consequentemente a cuidados de maior qualidade, associando esta dimensão a um maior desenvolvimento profissional.
Conclusões: A prática de enfermagem baseada em evidência vai ao encontro da obrigação social da enfermagem, alicerça
a sua credibilidade entre as ciências da saúde e sustenta eventuais mudanças ao nível político. É portanto fundamental
identificar barreiras e atitudes, independentemente das suas origens, de modo a estruturar estratégias de intervenção
futuras. No nosso estudo, os enfermeiros demonstram acreditar na importância da prática baseada em evidência para
o futuro da profissão, tendo uma atitude positiva face à mesma. Contudo, assumem que sentir-se-iam mais seguros se
discutissem os resultados de investigação com alguém mais experiente ou se detivessem formação adequada nesta área.