Author(s):
Costa, Francisco da Silva
Date: 2010
Persistent ID: http://hdl.handle.net/1822/22580
Origin: RepositóriUM - Universidade do Minho
Subject(s): Património industrial; Rio Ave; Indústria têxtil
Description
A preocupação de proteger e estudar o património industrial é uma atitude muito recente. Os vestígios/monumentos industriais têm vindo a ser estudados e divulgados pela arqueologia industrial. O objecto de estudo do património industrial é múltiplo na sua abordagem, considerando as várias áreas produtivas e as diversas soluções construtivas. Assim, referimo-nos frequentemente aos vestígios deixados pela indústria têxtil, vidreira, cerâmica, metalúrgica ou de fundição, química, papeleira, alimentar, extractiva - as minas, para além da obra pública, dos transportes, das infra-estruturas comerciais e portuárias, das habitações operárias, etc.
A história local e o estudo do património industrial ligado ao têxtil, tendo em conta os objectos do quotidiano, de tecnologia, de processos de trabalho, de saber-fazer, utensílios e equipamento, apresentam alguns exemplos de grande interesse:
- As oficinas, manufacturas e fábricas de fiação e tecidos e os diferentes processos produtivos, tecnologias e equipamentos associados;
- As fontes de energia, desde as rodas hidráulicas até ás oficinas hidroeléctricas;
- A multifuncionalidade dos edifícios industriais;
Nos últimos séculos, o rio Ave e seus afluentes marcaram, de forma singular, a implantação industrial do têxtil, o que se relaciona com as vantagens associadas às facilidades hídricas para a produção de energia e o abastecimento de água nas diferentes fases dos processos industriais em que esta é utilizada.
Factor determinante na localização industrial no vale do rio Ave foi, sem dúvida, a água. De facto, verifica-se que a distribuição espacial das unidades industriais acompanham, muito de perto, o traçado de algumas linhas de água, intensificando-se na vizinhança dos aglomerados urbanos. A situação do recurso água tornou-se assim paradigmática em toda a bacia hidrográfica do rio Ave pelo papel desempenhado na localização da indústria têxtil, com raízes históricas que remontam a um artesanato ligado ao linho e à implantação do têxtil do algodão a partir de meados do século XIX.
Pretende-se com esta artigo dar um contributo sobre o património que resultou da relação entre o recurso água e a indústria têxtil, e as potencialidades que decorrem da sua integração territorial no vale do Ave, quer através de espaços museológicos, quer a partir de rotas temáticas, existentes e a considerar.