Autor(es):
Ferreira, Sílvia A.
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/21011
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Tese de doutoramento em Biomedical Engineering Self-assembled nanogels made of hydrophobized mannan or pullulan were obtained
using a versatile, simple, reproducible and low-cost method. In a first reaction pullulan or
mannan were modified with hydroxyethyl methacrylate or vinyl methacrylate, further
modified in the second reaction with 1-hexadecanethiol. The resultant amphiphilic material
self-assembles in water via the hydrophobic interaction among alkyl chains, originating the
nanogel. Structural features, size, shape, surface charge and stability of the nanogels
were studied using hydrogen nuclear magnetic resonance, cryo-field emission scanning
electron microscopy and dynamic light scattering. Above the critical micellar concentration
(cmc), evaluated by fluorescence spectroscopy with Nile red and pyrene, spherical
polydisperse nanogels reveal long-term colloidal stability in aqueous medium up to six
months, with a nearly neutral negative surface charge and mean hydrodynamic diameter
in the nanoscale range, depending on the polymer degree of substitution. Nanogel based
on vinyl methacrylated mannan was selected for further characterization among others
because its synthesis is much easier, cheaper and less time consuming, its cmc and size
are smaller, it is less polydisperse, and more stable at pH 3–8, in salt or urea solutions
being consequently more suitable for biological applications.
Proteins (bovine serum albumin or ovalbumin) and hydrophobic drugs (curcumin) are
spontaneously incorporated in the mannan nanogel, being stabilized by the hydrophobic
domains randomly distributed within the nanogel, opening the possibility for the
development of applications as potential delivery systems for therapeutic molecules.
No cytotoxicity is detected up to about 0.4 mg/mL of mannan nanogel in mouse embryo
fibroblast cell line 3T3 and mouse bone marrow-derived macrophages (BMDM) using cell
proliferation, lactate dehydrogenase and Live/Dead assays. Comet assay, under the
tested conditions, reveals no DNA damage in fibroblasts, which seems to occur in the
case of BMDM. The internalization kinetics, uptake mechanisms and intracellular trafficking pathways of
mannan nanogel in mouse BMDM was assessed by flow cytometry and confocal laser
scanning microscopy, using fluorescently conjugated nanogel. A time-, concentration- and
energy-dependent uptake profile of the mannan nanogel is observed. Inhibition analysis
unraveled mannose receptor-mediated phagocytosis and clathrin-mediated endocytosis to
be involved in nanogel uptake. The mannan nanogel is also visualized in the cytosol
suggesting that a fraction was able to escape from the endolysosomal system. The protein corona formed in human plasma around mannan nanogel was
characterized by mass spectrometry after size exclusion chromatography or centrifugation
followed by sodium dodecyl sulphate polyacrylamide gel electrophoresis. It consists of a
very specific set of proteins, apolipoproteins B-100, A-I and E and human serum albumin,
slowly formed following a dynamic protein exchange process.
The mannan nanogel does not affect blood coagulation, does not induce complement
activation and retards the fibril formation of both Alzheimer’s disease-associated amyloid
β peptide and haemodialysis-associated amyloidosis β2 microglobulin, as was assessed
by fluorometric thrombin generation assay, Western blot, and continuous thioflavin T
fluorescence assay, respectively.
Mannan nanogel has potential immunological adjuvant activity, as evaluated on the
specific immune response to ovalbumin in intradermally immunized BALB/c mice. Elicited
ovalbumin-specific antibodies were predominantly of IgG1 subclass indicating a T helper
2-type bias.
Physicochemical characteristics, loading ability of biological agents, cytocompatibility
and uptake of mannan nanogel by mouse BMDM, biosafety and biocompatibility studied
at molecular level, and adjuvant activity are pronounced hints of the potential applicability
of this nanosystem for macrophages targeted delivery of vaccines or drugs, acting as
promising nanomedicines, always with the key goal of preventing and/or treating
diseases Nanogéis poliméricos auto-organizados foram obtidos a partir de manano e pululano
hidrofobicamente modificados por um método versátil, simples, reprodutível e económico.
Numa primeira reação, manano ou pululano foram enxertados com hidroxietil metacrilato
ou vinil metacrilato, que por sua vez foram substituídos numa segunda reação com 1-
hexadecanetiol. O material anfifílico resultante auto-organiza-se em água através da
associação das cadeias alquílicas hidrofóbicas, originando o nanogel. As características
estruturais, o tamanho, a forma, a carga de superfície e a estabilidade dos nanogéis
foram estudados por espectroscopia de ressonância magnética nuclear 1H, microscopia
crio-eletrónica de varrimento e dispersão dinâmica de luz. Acima da concentração micelar
critica (cmc), avaliada por espectroscopia de fluorescência usando o vermelho de Nilo e o
pireno, os nanogéis esféricos polidispersos revelam longa estabilidade coloidal em meios
aquosos até seis meses, com carga de superfície negativa praticamente neutra, e
diâmetro médio num intervalo nanométrico, cujo valor depende do grau de substituição
do polímero. Dos nanogéis produzidos, o nanogel baseado em manano enxertado com
vinil metacrilato foi selecionado para uma caracterização mais aprofundada porque a sua
síntese é mais fácil, económica e rápida, a cmc e o tamanho são menores, é menos
polidisperso e mais estável no intervalo de pH 3–8 bem como na presença de sal e ureia,
sendo consequentemente mais apropriado para aplicações biológicas.
Proteínas (albumina sérica bovina ou ovalbumina) e drogas hidrofóbicas (curcumina)
são incorporadas espontaneamente no nanogel de manano, sendo estabilizados nos
domínios hidrofóbicos aleatoriamente distribuídos no interior do nanogel, abrindo
perspetivas para o desenvolvimento de aplicações em sistemas de libertação de
moléculas terapêuticas.
Nenhuma citotoxicidade é detetada com o nanogel de manano até 0.4 mg/mL na linha
celular de fibroblastos de embrião de ratinho 3T3 e nos macrófagos derivados da medula
óssea de ratinho usando ensaios de proliferação celular, lactato desidrogenase e
“Live/Dead”. O ensaio cometa nas condições testadas, não revela dano no ADN dos
fibroblastos, que possivelmente ocorre, no entanto, no caso dos macrófagos.
A cinética de internalização, os mecanismos de internalização e as vias de tráfego
intracelular do nanogel de manano nos macrófagos derivados da medula óssea de
ratinho foram avaliados por citometria de fluxo e microscopia de confocal de varrimento
laser, usando o nanogel conjugado com um fluorocromo. O perfil de internalização do nanogel é dependente do tempo, da concentração e de energia. A análise com inibidores
revelou que a fagocitose mediada pelo receptor da manose e a endocitose mediada por
clatrina estão envolvidos na internalização do nanogel. O nanogel de manano é também
visualizado no citosol sugerindo que uma fração é capaz de escapar do sistema
endolisossomal.
A corona de proteínas formada no plasma humano em redor do nanogel de manano foi
caracterizada por espectrometria de massa, após cromatografia de exclusão por tamanho
ou centrifugação, seguidas de eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de
dodecil sulfato de sódio. A corona consiste num conjunto específico de proteínas,
apoliproteínas B-100, A-I e E e albumina sérica humana, que se forma após um lento e
dinâmico processo de troca de proteínas.
O nanogel de manano não afeta a coagulação do sangue, não induz ativação do
complemento e retarda a formação de fibras do péptido β amiloide associado à doença
de Alzheimer e de β2 microglobulina na amiloidose associada à hemodiálise, como foi
avaliado por teste fluorimétrico de geração de trombina, Western blot e análise continua
da fluorescência de tioflavina T, respectivamente.
O nanogel de manano tem potencial atividade adjuvante, avaliada na resposta imune
específica para ovalbumina em ratinhos BALB/c imunizados por via intradérmica. Os
anticorpos específicos para ovalbumina induzidos foram predominantemente da
subclasse IgG1, o que indica uma propensão para induzir uma resposta mediada por
células “T helper” tipo 2.
As características físico-químicas, a capacidade de incorporação de agentes
biológicos, a citocompatibilidade e a internalização do nanogel de manano por
macrófagos derivados da medula óssea de ratinho, a biossegurança e biocompatibilidade
estudadas a nível molecular, e a atividade adjuvante deixam entrever a potencial
aplicação deste nanosistema na libertação direcionada a macrófagos, quer de vacinas
quer de fármacos, atuando como promissores nanomedicamentos, sempre com o
objetivo chave de prevenir e/ou tratar doenças.