Autor(es):
Cabecinhas, Rosa
; Amâncio, Lígia
Data: 2003
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/1598
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Representações sociais; Raça; Grupo étnico; Social representations; Race; Ethnic group
Descrição
Apresentação efectuada na III Jornada Internacional sobre Representações Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Maison des Sciences de l’Homme, Rio de Janeiro, 2-5 de Setembro de 2003. Neste estudo investigámos as noções de ‘raça’ e de ‘grupo étnico’ entre os jovens portugueses, averiguámos quais os ‘grupos étnicos’ mais significativos na sociedade portuguesa, e verificámos em que medida os jovens portugueses se consideram eles próprios membros de um ‘grupo étnico’.
Os resultados demonstraram que, apesar das campanhas anti-racismo nos meios de comunicação social, a maior parte dos estudantes nunca tinha problematizado as noções de ‘raça’ e de ‘grupo étnico’, considerando-as como conceitos objectivos explicativos das assimetrias sociais. Os ‘grupos étnicos’ são vistos como possuindo características intrínsecas, imutáveis e muito marcadas, que os distinguem da maioria ou da cultura dominante, sendo as características culturais consideradas como inseparáveis das características físicas ligadas à hereditariedade.
Globalmente, as respostas remetem claramente para uma ‘naturalização’ das categorias raciais e étnicas. No entanto, verifica-se uma certa assimetria nos significados destes dois termos: em alguns casos o ‘grupo étnico’ é visto como algo ‘transitório’ que resulta das trajectórias de migração dos grupos, enquanto que o termo ‘raça’ remete sempre para algo imutável.
No seu conjunto, os resultados deste estudo indicam que a categorização racial é extremamente saliente e acessível cognitivamente. A acessibilidade das categorias raciais e o seu valor explicativo da realidade social demonstra que, apesar das tipologias raciais terem sido abolidas da ciência há largas décadas (UNESCO, 1960/1973), continuam a estruturar o pensamento do senso comum. On this study we analyzed the notions about ‘race’ and about ‘ethnic group’ among young Portuguese, we examined which are the most significant ‘ethnic groups’ in Portuguese society and we check if the young Portuguese consider themselves as members of an ‘ethnic group’.
Results showed that, in spite of the anti-racism campaigns on the media, the majority of the students had never put in question the notions of ‘race’ and of ‘ethnic group’, considering them as objective concepts that explain social asymmetries. ‘Ethnic groups’ are seen has having inherent characteristics, immutable and very marked, that distinguish ethnic groups members from the members of dominant culture or majority group. The cultural characteristics are considered to be inseparable of the physic characteristics linked with hereditary.
Globally, participant answers show clearly the ‘naturalization’ of the racial and ethnic categories. However, there is an asymmetry on the meaning of this two terms: in some cases the ‘ethnic group’ is seen as a ‘transitory’ group linked to the courses of migrations whereas the term ‘race’ refers always to an immutable difference.
On the all, results show that racial categorization is very salient and accessible cognitively. The accessibility of the racial categories and their explanatory value demonstrate that, in spite of the racial typologies had been abolish from sciences some decades ago (UNESCO, 1960/1973), they continue to structure common sense thinking.