Autor(es):
Rodrigues, Diana
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/11308
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Descrição
Food contamination leads to wide economic loss and has a strong impact on public
health worldwide. Listeria monocytogenes and Salmonella enterica Enteritidis are two of the most
sight threatening and frequent foodborne pathogens, being responsible for listeriosis and
salmonellosis foodborne outbreaks, respectively. The work presented in this thesis aimed at
investigating adhesion and biofilm formation ability of these two bacteria regarding yet unexplored
growth conditions and exposure to antimicrobials, as well as study possible repercussions of
chemical disinfection on the genetic expression of virulence factors and stress response by
surviving biofilm cells.
L. monocytogenes has been a polemic bacterium as far as its biofilm formation capability
is concerned, with different, and sometimes controversial, conclusions being stated by several
authors. After testing this biological process under batch and fed-batch growth modes, both
previously used by several authors but never compared simultaneously before, the results herein
presented showed that the different growth modes influenced biofilm formation by L.
monocytogenes on polystyrene, both in terms of biofilms’ total biomass and cellular viability.
Temperature also played an important role on L. monocytogenes biofilm formation since
refrigeration temperatures led to biofilms with less biomass but highly metabolic active, while at
37ºC biofilms had higher amount of biomass but were metabolically weaker.
Surface coatings and antimicrobial incorporated materials have been two of the most
promising attempts to produce new and improve already existing materials to be applied in food
processing environments, in order to prevent microbial contaminations. A nitrogen-doped
titanium dioxide coating on glass and on stainless steel was tested and showed to have
bactericidal effect upon L. monocytogenes after only 30 minutes irradiation with visible light
(fluorescent and/or incandescent light), when compared to non-coated surfaces. This fact
indicated that such coated materials are likely to be applied on food contact surfaces as a means
to reduce the risk of bacterial colonization and, thus, to improve food safety. The action of
incorporated triclosan was assessed through S. enterica adhesion and biofilm formation on yet
poorly studied food contact materials - stones. In this way, silestones (artificial stones mainly made of quartz, with triclosan incorporated) were tested and their performance compared with
regular bench cover stones (granite and marble, without any antimicrobial compound) and
stainless steel (one of the most commonly found surfaces in food processing environments).
Similar levels of bacterial colonization and biofilm formation were observed on all materials, and
lower numbers of S. enterica viable-culturable cells were found within biofilms formed on
silestones. This indicates that, despite having shown some bactericidal effect upon biofilm cells,
triclosan incorporated in silestones did not prevent bacterial colonization or biofilm formation.
Once means to prevent contamination have failed and biofilms had already colonized the
food contact surfaces, or in those cases where it is practically impossible to avoid microbial
colonization during food processing, the greater concern becomes the surface cleaning through
disinfection. In this work, susceptibility of L. monocytogenes and S. enterica monoculture-biofilms
to disinfection was evaluated by determining the minimum biofilm eradication concentration
(MBEC) of four distinct disinfectants commonly used in food industry – sodium hypochlorite,
benzalkonium chloride, hydrogen peroxide and triclosan. Biofilm from both bacterial species were
more susceptible to sodium hypochlorite than to any other disinfectant, whereas S. enterica
biofilms were found to resist to triclosan’s action. Moreover, these assays revealed L.
monocytogenes biofilms to be more susceptible to disinfection than S. enterica biofilms, which
MBEC mean values concerning each disinfectant were higher than those found by the former
bacterium. In order to investigate if disinfection had genetic repercussions on these biofilms,
more specifically regarding stress-response and virulence genes expression by the surviving cells,
quantitative real-time polymerase chain reaction was performed. Significant up-regulations were
observed for L. monocytogenes and S. enterica stress-response genes cplC and ropS,
respectively, as well as for S. enterica virulence gene avrA. These findings bring to discussion the
fact that, even at concentrations that are able to significantly reduce biofilms biomass, chemical
disinfectants seem to induce genetic alterations on the surviving cells that might not only lead to
a stress response but, and even more worrying, may also increase their virulence. A contaminação de alimentos não só leva a grandes perdas a nível económico como tem
também um forte impacto negativo na saúde pública em todo o mundo. Listeria monocytogenes
e Salmonella enterica Enteritidis são dois dos patogénicos alimentares mais perigosos e
frequentes, sendo responsáveis por surtos de listeriose e salmonelose alimentar,
respectivamente. O trabalho apresentado nesta tese teve como objectivo estudar a capacidade
de adesão e de formação de biofilme por parte de ambas as espécies mencionadas tendo em
consideração condições de crescimento e exposição a agentes antimicrobianos, até então não
investigados, assim como analisar possíveis repercussões que a desinfecção química possa ter a
nível de expressão de genes de resposta ao stresse e de virulência por parte de células de
biofilme sobreviventes.
Tem havido alguma controvérsia no que respeita à capacidade de formação de biofilme
da espécie L. monocytogenes, com vários autores a apresentar conclusões diferentes, e por
vezes contraditórias, sobre esta matéria. Após testar o efeito de dois modos de crescimento –
em sistema fechado e com alimentação escalonada (ambos usados previamente por vários
autores mas que nunca tinham sido comparados simultaneamente) -, os resultados aqui
apresentados mostraram que os diferentes modos de crescimento influenciaram a formação de
biofilme de L. monocytogenes em poliestireno, quer em termos de biomassa total como também
a nível da viabilidade celular dos biofilmes. A temperatura também desempenhou um papel
importante na formação de biofilmes de L. monocytogenes, dado que à temperatura de
refrigeração formou-se biofilmes com menos biomassa mas metabolicamente muito activos,
enquanto que a 37ºC formou-se biofilmes com mais biomassa mas metabolicamente mais
fracos.
O revestimento de superfícies e a incorporação de antimicrobianos em materiais têm
sido duas das tentativas mais promissoras para produção de novos materiais, e melhoria dos já
existentes, para aplicação em meios de processamento de alimentos. Neste contexto, foi testado
um revestimento de dióxido de titânio com azoto em vidro e em aço inoxidável, o qual mostrou
ter efeito bactericida sobre a L. monocytogenes após apenas 30 minutos de irradiação com luz
visível (fluorescente e/ou incandescente) quando comparado com superfícies não-revestidas Este facto indica que tais materiais são passíveis de serem aplicados em superfícies de contacto
com os alimentos como forma de reduzir o risco de colonização bacteriana e, assim, melhorar a
segurança alimentar. A acção do triclosano incorporado foi avaliada através da capacidade de
adesão e de formação de biofilme de S. enterica em materiais de contacto com alimentos ainda
pouco estudados – as pedras. Para tal, testou-se o desempenho de silestones (pedras artificiais
constituídas maioritariamente por quartzo, com triclosan incorporado) comparando-o com pedras
comuns usadas em bancadas de cozinha (granito e mármore, sem qualquer composto
antimicrobiano) e aço inoxidável (uma das superficies mais frequentemente encontradas em
meios de processamento de alimentos). Verificaram-se níveis semelhantes de colonização
bacteriana e formação de biofilme em todos os materiais e que o número de células viáveiscultiváveis
de S. enterica foi mais baixo nos biofilmes formados nos silestones. Isto indica que,
embora tendo algum efeito bactericida sobre as células do biofilme, o triclosan incorporado nos
silestones não preveniu a colonização bacteriana nem a formação de biofilme.
Uma vez falhadas as medidas de prevenção de contaminação e colonizadas por
biofilmes as superfícies de contacto com alimentos, ou nos casos em que é praticamente
impossível evitar a colonização microbiana durante o processamento dos alimentos, a maior
preocupação torna-se a limpeza de superfícies através da desinfecção. Neste trabalho, avaliou-se
a susceptibilidade à desinfecção por parte de biofilmes simples de L. monocytogenes e S.
enterica por meio da determinação da concentração mínima de erradicação de biofilme (CMEB)
de quatro desinfectantes diferentes frequentemente usados na indústria alimentar – hipoclorito
de sódio, cloreto de benzalcónio, peróxido de hidrogénio e triclosano. Os biofilmes de ambas as
espécies bacterianas foram mais susceptíveis ao hipoclorito de sódio do que a qualquer outro
desinfectante, tendo-se ainda verificado alguma resistência por parte dos biofilmes de S. enterica
à acção do triclosano. Além disso, estes ensaios revelaram uma maior susceptibilidade à
desinfecção por parte dos biofilmes de L. monocytogenes comparativamente com os biofilmes
de S. enterica, cujos valores médios de CMEB de cada desinfectante foram maiores do que os
registados para a primeira bactéria. De modo a investigar-se se a desinfecção teve repercussões
genéticas nestes biofilmes, mais especificamente no que respeita à expressão de genes de
resposta ao stress e de virulência por parte das células sobreviventes, realizaram-se reacções
quantitativas em cadeia da polimerase em tempo-real. Verificou-se a sobre-expressão significativa
dos genes de resposta ao stress cplC e rpoS de L. monocytogenes e S. enterica, respectivamente, assim como do gene de virulência avrA de S. enterica. Estas descobertas
levantam a questão de que, mesmo submetidas a concentrações de desinfectante capazes de
reduzir significativamente a biomassa dos biofilmes, as células sobreviventes parecem sofrer
alterações genéticas relacionadas não só com a uma reposta ao stresse mas também, e mais
preocupante ainda, com um possível aumento da sua virulência.