Autor(es):
Rocha, Acílio da Silva Estanqueiro
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/1822/10558
Origem: RepositóriUM - Universidade do Minho
Assunto(s): Lacan; Hegel
Descrição
Com o presente trabalho pretende-se mostrar como a obra de Jacques Lacan é tributária da filosofia de Hegel – o filósofo mais citado, depois de Freud, nos renomados “Escritos” do psicanalista francês – e, muito em especial, da “Fenomenologia do Espírito”. Foi o próprio Lacan que declarou: "É impossível à nossa técnica desconhecer os momentos estruturantes da fenomenologia hegeliana". Para além do persistente e apaixonado interesse de Lacan pela filosofia, ilustrado por inúmeras referências na sua obra aos grandes filósofos desde a antiguidade ao seu tempo, assistiu-se, na década de trinta do século XX, em França, a uma renovação dos estudos hegelianos sob o impulso de Jean Wahl, Alexandre Koyré, Éric Weil e Alexandre Kojève, que abriram caminho para ‘a geração dos três H’: Hegel, Husserl e Heidegger, em cujas leituras Lacan se inicia. Sem essa múltipla influência, a que deve acrescentar-se o influxo do estruturalismo, a obra de Lacan teria porventura permanecido prisioneira do saber psiquiátrico e de uma visão redutora da conduta humana. Na década de cinquenta Lacan convida mesmo Jean Hyppolite – o célebre tradutor para a língua francesa da “Fenomenologia do Espírito” de Hegel –, para o seu seminário, sendo incontornável o debate travado entre Hyppolite e Lacan sobre a “Verneinung” de Freud. De Hegel "fizemos a mola dinâmica da captura especular", condensa o testemunho de Lacan, dito na comunicação ao Colóquio Internacional de Filosofia sobre “Dialéctica” (Royaumont, 1960), a convite de Jean Wahl, precisamente intitulada “Subversão do sujeito e dialéctica do desejo no inconsciente freudiano”. É sobre o influxo hegeliano que versa o presente trabalho.