Author(s):
Costa, Maria Luísa Henriques
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/9090
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Profissão docente; Stress profissional; Teses de mestrado - 2011
Description
Tese de mestrado, Ciências da Educação (Formação de Professores), Universidade de Lisboa, Instituto de Educação, 2011 O stress faz parte das nossas vidas. É impossível viver sem stress. São múltiplos os
factores stressantes com os quais nos confrontamos cada dia. O preço pago pela saúde devido
à pressão que estes factores desencadeiam (quando atingem certos limiares de tolerância, que
variam de pessoa para pessoa e consoante o momento para cada pessoa) é muito elevado.
As repercussões são muito graves, em algumas situações, podendo não raras vezes conduzir
à morte. As respostas cognitivas e comportamentais dadas aos múltiplos acontecimentos
surgem em conformidade com as interpretações que deles são feitas, consoante são
familiares ou, pelo contrário, desconhecidos ou ameaçadores. O stress engloba uma enorme
a complexidade, pelo que se impõe uma boa compreensão e uma correcta interpretação de
todos os seus mecanismos para uma melhor interpretação das diferentes reacções.
Os professores são submetidos a situações de stress pela pressão a que estão sujeitos
no seu dia-a-dia profissional, constatando-se em estudos realizados que estes professores
percepcionam a sua profissão como sendo uma actividade muito ou extremamente geradora
de stress (Pinto, 2000).
O estudo que apresentamos, metodologicamente de natureza essencialmente
quantitativa, foi realizado com 94 professores de três escolas do concelho de Coimbra.
Verificámos neste estudo que é muito elevada a sobrecarga de trabalho sentida por
estes professores, agravada pela realização de tarefas profissionais de carácter burocrático e
de gestão, que os sobrecarregam mesmo durante o fim de semana e lhes retiram tempo para
o que mais desejam fazer – ensinar os seus alunos. Observámos que o peso da hierarquia e da
burocracia são percepcionados como as principais fontes de stress, se bem que a indisciplina,
a desmotivação dos alunos e o ruído também sejam sentidos como stressantes. Quantos aos
sentimentos associados à actividade docente, o que mais se destaca nos resultados obtidos
é a vivência de sentimentos contrastantes, tanto negativos (esgotamento e mesmo exaustão)
como positivos (alegria, realização pessoal).
Os dados obtidos acerca dos seus hábitos de vida relativamente à saúde, levam a
inferir tratar-se de uma amostra de sujeitos com hábitos moderados (quer no consumo do
tabaco, quer de bebidas alcoólicas, quer de café) e com cuidado na preservação da saúde
(regularmente consultam o seu médico assistente). A frequência do uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, as alterações no interesse sexual prolongado e a associação
que fazem entre as situações de doença no último ano e o stress, numa parte substancial
da amostra, associado à manifesta sobrecarga de trabalho, leva a concluir que uma parte
importante dos professores participantes no estudo (cerca de 20%) vivia situações de stress
com repercussões nocivas na sua saúde e qualidade de vida. Stress is part of our lives and it is virtually impossible to live a stress-free life. There
are multiple stress factors we have to face every day. The pressure triggered by these factors
can take an extremely heavy toll on our health, especially when we reach the limit of our
tolerance levels, which vary from person to person and at different moments of our lives. The
consequences are very serious and can even lead to death. People’s cognitive and behavioural
responses to stressful situations depend on how they interpret them and on whether they view
them as familiar or unknown and threatening. Stress is an extremely complex phenomenon
and calls for a thorough understanding of all its multifaceted mechanisms in order to arrive
at the best possible interpretation of people’s reactions to it.
Teachers are confronted with stressful situation in their day-to-day professional lives
and several studies have shown that teachers find their jobs to be highly or even extremely
stressful (Pinto, 2000). The quantitative study presented here was conducted in three different
schools of the district of Coimbra, Portugal, and included 94 teachers.
The study reveals that the general feeling among teachers in these schools is that they
are overloaded with bureaucratic and management tasks which they have to carry out even at
weekends and which take time away from their most cherished activity: teaching. In addition,
hierarchy and bureaucracy are perceived as being the main sources of stress, besides noise
and pupils’ lack of discipline and motivation. The results also show that teaching activities
are associated with both negative (breakdown and exhaustion) and positive (joy, personal
fulfillment) feelings.
The data regarding teachers’ health show that the sample under consideration has
moderate smoking, drinking and coffee consumption habits, and that all the subjects take
care of their health by regularly seeing their family doctor. A significant number of subjects
in the sample revealed frequent use of antidepressants and anxyolitics as well as long-lasting
changes in sexual drive, and associated these problems to stress and excessive workload in
the past year. These findings allow us to conclude that approximately 20% of the teachers
participating in the study experienced stressful situations with negative repercussions on
their health and quality of life.