Autor(es):
Ventura, Cristina Prates Laranjinha
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/8042
Origem: Repositório da Universidade de Lisboa
Assunto(s): Foraminíferos bentónicos; Quaternário; Produtividade; Margem Oeste Ibérica; Ciclos interglacial/glacial; Teses de mestrado - 2011
Descrição
Tese de mestrado em Geologia do Ambiente (Riscos Geológicos e Ordenamento do Território), apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2011 Os foraminíferos bentónicos são frequentemente utilizados como proxies de vários parâmetros ambientais, fornecendo indicações sobre as condições ecológicas e oceanográficas do passado. A sua relação com os parâmetros ambientais tanto varia de região para região, como sazonalmente, o que revela a sua importância paleoecológica. Nesta dissertação vão ser apresentados os dados da sondagem de sedimentos MD03-2699, realizada no talude continental português ao largo de Peniche, a 1895m de profundidade. Os foraminíferos bentónicos, estudados em alta resolução (195 amostras), permitiram identificar três associações fundamentais: 1) a associação característica dos períodos glaciais (MIS 14, 12 e 10) dominada por Uvigerina peregrina e Cassidulina laevigata, a que se juntam as espécies, comuns, Pseudoparrela exigua, Cibicides sp., Bulimina aculeata, e Sigmoilopsis schlumbergeri; aquelas duas espécies dominantes indicam geralmente zonas de alta produtividade similares às das áreas sob afloramento costeiro, mas que nestes períodos seriam mais intensas devido ao aumento da circulação atmosférica e oceânica, nomeadamente entre as latitudes médias e altas; 2) a associação dos períodos interglaciais MIS 11 e MIS 9, dominada por Globocassidulina subglobosa, Epistominella exigua, Eilohedra levicula e tem como espécies comuns Nonionellina cf. labradorica e Trifarina angulosa, respondendo aos períodos de temperatura mais elevada e a condições ecológicas mais estáveis; 3) a associação da Terminação V e IV, dominada pelas espécies Fusenkoina fusiformis e Stainforthia complanata, provavelmente relacionadas com o aumento de matéria orgânica refractária drenada a partir do continente e da plataforma continental, onde se acumulou durante os períodos glaciais, devido à sua emersão e à redução da capacidade dos agentes de transporte. Parece-nos assim que o factor oceanográfico que mais influencia a fauna de foraminíferos bentónicos desta região está associado à produtividade e às características dos impulsos na oferta de alimento que chega ao fundo. Benthic foraminifera are a very important group of the deep-sea bottom biota and the faunal composition reflects their living conditions, namely salinity, temperature and productivity. In this work the benthic foraminifera are used to characterize the deep water and productivity conditions during the glacial/interglacial cycles from Marine Isotopic Stage (MIS) 14 to MIS 9 (314.88ka to 554.58ka). We produced high resolution foraminiferal data from 195 samples of Core MD03 – 2699 retrieved from the slope of the western Portuguese continental margin, off Peniche, from a water depth of 1895m. The association of stable interglacial periods (MIS 11 and MIS 9) is dominated by Globocassidulina subglobosa, Epistominella exigua, Eilohedra levicula and the common species were Nonionellina cf. labradorica and Trifarina angulosa. During glacial periods the association becomes dominated by Uvigerina peregrina and Cassidulina laevigata with the common species Pseudoparrela exigua, Cibicides sp., Bulimina aculeata, Sigmoilopsis schlumbergeri; the importance of those two dominant species in these areas indicates the occurence of high productivity events, resulting from increased atmospheric and oceanic circulation during these periods, especially among middle and high latitudes, similar to those we would expect in upwelling zones. A third association of Fursenkoina fusiformis and Stainforthia complanata marks the transitions from the glacial to the interglacial periods (Terminations V and IV) when an increased supply of organic matter of continental origin may have existed. Overall, we conclude that the composition of benthic foraminifera slope associations seems to be mainly driven by the characteristics of food supply to the bottom environment.