Document details

Caracterização do ciclo sono-vigília na esquizofrenia

Author(s): Afonso, Pedro, 1968- cv logo 1

Date: 2011

Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/7436

Origin: Repositório da Universidade de Lisboa

Subject(s): Psiquiatria; Saúde mental; Esquizofrenia; Actigrafia; Sono; Vigília; Melatonina; Transtornos do sono do ritmo circadiano; Qualidade de vida; Teses de doutoramento - 2011


Description
Tese de doutoramento, Medicina (Psiquiatria e Saúde Mental), Universidade de Lisboa, Faculdade de Medicina, 2011 As alterações do sono são frequentemente observadas na esquizofrenia. No presente trabalho pretendeu-se caracterizar o ciclo sono-vigília na esquizofrenia. Para o efeito, seleccionaram-se duas amostras: a primeira constituída por 34 indivíduos saudáveis (15 sexo feminino e 19 sexo masculino) que integraram o grupo de controlo e a segunda constituída por 34 doentes (12 sexo feminino e 22 do sexo masculino), estabilizados clinicamente há pelo menos um mês e seguidos em ambulatório, com o diagnóstico de Esquizofrenia, segundo o instrumento de classificação DSM IV TR. Foram usados os seguintes instrumentos de avaliação: a escala PANNS para avaliar a psicopatologia, a escala Pittsburgh (PSQI) para avaliar a qualidade do sono, a escala WHOQOL-BREF para avaliar a qualidade de vida, a escala Morningness-Eveningness Questionnaire para avaliar os hábitos do ciclo sono-vigília, a actigrafia (consecutiva por sete dias) para avaliar os ciclos sono-vigília e o doseamento nocturno de melatonina na saliva como marcador do relógio biológico interno. As 4 recolhas de saliva para doseamento da melatonina foram efectuadas com intervalo de 60 minutos, em baixas condições de luminosidade(<50 lux), entre as 20h00 e as 23h00 . Neste trabalho foram identificados 6 casos de alteração do padrão ciclo sono-vigília: 3 casos de síndrome de avanço na fase de sono e 3 casos de padrão irregular do ciclo sono-vigília. Apesar de se ter identificado 3 casos de síndrome de atraso de fase no grupo de controlo as diferenças entres os grupos, neste capítulo, não foram estatisticamente significativas. Apesar disso, verificaram-se alterações estatisticamente significativas entre os dois grupos em várias variáveis do sono estudadas. Os doentes, face ao grupo de controlo, apresentaram valores superiores da latência do sono, período total do sono, tempo total do sono despertares nocturnos. Por outro lado, registaram-se valores significativamente inferiores na eficiência do sono. Os doentes deitavam-se mais cedo e levantavam-se mais tarde comparativamente ao grupo de controlo. A qualidade do sono dos doentes revelou-se significativamente inferior à do grupo de controlo. Da análise dos dados apresentados, podemos ainda concluir que a subescala PANNS sintomas positivos, está correlacionada negativamente com a qualidade do sono (rs=-0,484; p=0,004). Observamos que um funcionamento mais enérgico durante o dia está correlacionado positivamente com a qualidade do sono (rs=0,371; p=0,031) e com a qualidade de vida no domínio físico (rs=0,518; p=0,002), psicológico (rs=0,529; p=0,001), social (rs=0,472; p=0,005) e ambiental (rs=0,546; p=0,001). A actividade motora durante o dia (activity level) mostrou-se correlacionada negativamente com o tempo total de sono, (rs=-0,447; p=0,008). Por sua vez, a actividade motora expressa pelo parâmetro uninterrupted activity encontra-se correlacionada negativamente com a subescala PANSS sintomas negativos (rs=-0,367; p=0,033), enquanto o parâmetro uninterrupted immobility mostrou-se correlacionada positivamente com a subescala PANSS psicopatologia (r=0,356; p=0,039). Não se observaram diferenças significativas nos doseamentos de melatonina na saliva entre os dois grupos. Contudo, contrariamente ao que se observou no grupo de doentes em que não existiu qualquer correlação entre os níveis de melatonina e as varáveis do sono, no grupo dos indivíduos saudáveis encontraram-se as seguinte correlações: a latência do sono (r = − 0, 488, p = 0,003) e o período total do sono (r = − 0, 384, p = 0,025) correlacionaram-se negativamente com os valores de melatonina. A eficiência do sono correlacionou-se positivamente com a melatonina (r= 0, 520, p = 0,002). Através da análise de regressão linear múltiplas, para o grupo de controlo, valores mais elevados da latência do sono estão associados a menores valores de melatonina (R2=28,9%; p=0,037). Ou seja, no grupo de doentes a melatonina, mostrou ter o seu efeito fisiológico promotor do sono comprometido. Este aspecto poderá contribuir para explicar o aumento significativo das perturbações do sono observados nos doentes com esquizofrenia. Sleep disturbances are very common in schizophrenia. The aim of this study was to describe the sleep-wake cycle in schizophrenia. Thirty-four schizophrenia patients (according to DSM IV TR), 12 women and 22 men, clinically stable for at least one month, and thirty-four healthy subjects, 15 women and 19 men, participated in this study. Wrist-actigraphy recordings and a sleep diary during seven consecutive days were used for sleep-wake cycle assessment. The quality and patterns of sleep were measured with the Pittsburgh Sleep Quality Index, (PSQI) the sleep-awake habits were evaluated with Morningness Eveningness Questionnaire and the Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS) was used for psychopathology assessment. Nocturnal melatonin was used as a marker of internal biological clock. To quantify and assess nocturnal melatonin profiles, saliva samples were collected for one night under dim light conditions (<50 lux) hourly from 20h00 to 23h00. In patients group, we identified three cases of advance sleep phase syndrome and three cases of irregular sleep phase syndrome. Despite having identified three cases of delayed sleep phase syndrome in the control group, no significant differences, in this chapter, were found between the groups. Nevertheless, there were statistically significant differences between the two groups on several sleep variables studied. Scores on PSQI were significantly higher in schizophrenia patients as compared to healthy controls, indicating a worse quality of sleep. Patients went to bed early and wake up later, sleep more at night, but have poorer sleep efficiency, than healthy controls. Sleep latency and nighttime awakenings were significant higher in schizophrenia patients. The PANSS positive subscale is negatively correlated with sleep quality (rs =- 0.484, p = 0.004). Finally, we note that a more energetic during the working day is positively correlated with sleep quality (rs = 0.371, p = 0.031) and quality of life in the physical (rs = 0.518, p = 0.002), psychological (rs = 0.529, p = 0.001), social (rs = 0.472, p = 0.005) and environmental domains (rs = 0.546, p = 0.001). The motor activity during the day (activity level) was negatively correlated with total sleep time (rs =- 0.447, p = 0.008). The motor activity expressed by the parameter uninterrupted activity is negatively correlated with PANSS negative subscale (rs =- 0.367, p = 0.033), while the parameter uninterrupted immobility was correlated positively with the PANSS psychopathology subscale (r = 0.356, p = 0.039). No statistical differences were found in melatonin concentration, in all four measuring points, between schizophrenia patients and healthy controls (p 0.1). Despite that, the melatonin levels were negatively correlated with SL (r = − 0, 488, p = 0,003), total sleep time (r = − 0, 384, p = 0,025) and positively correlated sleep efficiency (r= 0, 520, p = 0,002) in HS but not in SP. Through multiple linear regression analysis for the control group, higher values of sleep latency were associated with lower levels of melatonin (R2 = 28.9%, p = 0.037). The results of the present study indicate that endogenous melatonin sleep-promoting action is compromised in schizophrenia. These findings can explain some of the sleep disturbances observed in schizophrenia patients.
Document Type Doctoral Thesis
Language Portuguese
Advisor(s) Figueira, Maria Luísa, 1944-; Paiva, Teresa, 1945-
delicious logo  facebook logo  linkedin logo  twitter logo 
degois logo
mendeley logo

Related documents



    Financiadores do RCAAP

Fundação para a Ciência e a Tecnologia Universidade do Minho   Governo Português Ministério da Educação e Ciência Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento EU