Author(s):
Fernandes, Isabel Maria Ribeiro, 1976-
Date: 2012
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10451/7423
Origin: Repositório da Universidade de Lisboa
Subject(s): Enfermeiros; Doenças; Fenomenologia; Experiências de vida; Enfermagem; Teses de doutoramento - 2012
Description
Tese de doutoramento, Enfermagem, Universidade de Lisboa, com a participação da Escola Superior de Enfermagem, 2012 Pensar nos enfermeiros como pessoas doentes, a necessitar de cuidados de outrem revela-se um processo desafiante. Apesar de serem pessoas como quaisquer outras, estão habituadas a desempenhar funções de cuidador ao invés de serem cuidados. Perante a constatação da escassez de literatura nesta temática, elaborou-se um estudo qualitativo que tem como objectivo compreender o significado da experiência vivida de ser doente, na perspectiva individual e única do ser que cuida, na pessoa do enfermeiro. A sua realização exigiu uma abordagem fenomenológica, adoptando a metodologia de Giorgi. Foram realizadas entrevistas em profundidade (15) e solicitados relatos escritos individuais (14) para a recolha de informação. Da análise efectuada aos dados obtidos identificou-se uma estrutura essencial do fenómeno de experiência vivida de doença própria pelo enfermeiro, constituída por quatro componentes, nomeadamente: Estar Doente, Ser Doente, Repensar o Mundo Profissional e Significação Vital e Consolidação Profissional, enquadrada no contexto pessoal, relacional e profissional. A vivência de uma experiência de doença própria pelos enfermeiros, possibilita-lhes a percepção sobre o que sente e vive o doente, assumindo o papel daquele que espelha o foco de atenção do desempenho das funções do enfermeiro e a razão de ser da profissão de enfermagem. Neste papel revelam-se como os relatores fidedignos da interiorização do que significa ser doente e da constatação do nível de cuidados de saúde prestados. Sendo conhecedores, na primeira pessoa, das angústias, medos, aspectos valorizados e do impacto da experiência vivida de doença, no seu ser pessoa e profissional, conseguem identificar aspectos cruciais na relação enfermeiro-doente. Deste modo, possibilitam a mudança de alguns comportamentos a esse nível; a valorização de determinados aspectos, da vida e do seu contributo no processo de adaptação à doença, dando visibilidade à importância do cuidar em enfermagem, como factor condicionante do bem-estar dos que se encontram frágeis, vulneráveis e a necessitar de cuidados. Seeing nurses as sick people, needing the care of others proves to be a challenging process. Although they are like other people, they are used to perform the role of caregiver instead of being taken care of. Since there is a lack of literature on this topic, it was elaborated a qualitative study that aims to understand the meaning of the lived experience of being ill, in the individual perspective of the caregiver, the nurse. Its realization required a phenomenological approach, adopting the method of Giorgi. There were carried out in depth interviews (15) and solicited individual written reports (14) for collecting information. From the analysis of the data obtained there was identified an essential structure of the phenomenon of the lived experience of the nurses’ own illness, consisting of four components, namely: Feeling Ill, Being Ill, Rethinking the Professional World and Vital Significance and Professional Consolidation, framed in the personal, relational and professional context. The experience of an own illness by nurses, allows them the perception about what the patient feels and lives, taking over the role which reflects the focus of attention of the nurse’s functions and the reason for the nursing profession. In this paper they reveal themselves as the most reliable reporters of the inwardness of being patient and finding the level of care provided. Being knowledgeable in the first person about the anxieties, fears, and valued aspects of the impact of the lived experience of illness, as a person and a professional, they are able to identify crucial aspects in the nurse-patient relationship. Therefore it’s possible to change some behaviors, valuing certain aspects of life and its contribution in the process of adaptation to the disease, giving visibility to the importance of nursing care as a constraining factor of the wellbeing of those who are fragile, vulnerable and in need of care.