Detalhes do Documento

Cephalopod fauna in the Southern Ocean using the diet of wandering albatrosses ...

Autor(es): Guerreiro, Miguel Fernandes, 1989- cv logo 1

Data: 2012

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/7406

Origem: Repositório da Universidade de Lisboa

Assunto(s): Aves marinhas; Albatroz; Moluscos; Cefalópodes; Alimentação; Oceano Antártico; Teses de mestrado - 2012


Descrição
Tese de mestrado. Biologia (Ecologia Marinha). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2012 The Southern Ocean is a key component in the climatic and ecological global system. Cephalopods play an important task in this ecosystem. However, they are difficult to collect and therefore the basic knowledge regarding their ecology is scarce. The wandering albatross, Diomedea exulans, is a cephalopod predator. Here I characterize the cephalopod component of D. exulans diet by collecting boluses and regurgitates of chicks from around the ocean, in South Georgia, Crozet and Kerguelen Islands. By using stable isotopes analyses of Nitrogen and Carbon on the squids found on the diet, I can determine the distribution and trophic level of them, an approach that may provide important information about the threats of D. exulans. D. exulans fed predominantly in Onychoteuthid and Histioteuthid squids and secondarily on cranchiids and giant squids. Kerguelen diet differs from the others due to the influence of these large bodied squids, further proving the idea that much of the diet of these seabirds comes from scavenging. Cephalopods of the Southern Ocean were distributed within three water masses (Subtropical, Subantarctic and Antarctic), except for South Georgia (Antarctic and Subantarctic). Much of the previous biogeographic distributions of these squids in the Indian sector were confirmed or expanded north, for the subantarctic region. Cephalopods on the Southern Ocean occupy a great trophic span, from Martialia hyadesi (3.52±0.25 TL) to Taningia danae (6.01±0.15 TL).Thus, squids play a key role in the trophic ecology of D. exulans, that feeds mainly of Antarctic and Subantarctic and secondarily of Subtropical squids. Based on these findings, we may argue that D. exulans have different threats within the Southern Ocean: in the Atlantic, Longliners operating in the nearby shelves are the main threat; In the Indian sector, there is different contributions from Subtropical Tuna fishing and longliners in the shelves, at the two studied islands. O Oceano Antártico, também conhecido como Oceano Austral e Oceano Glacial Antártico, e constituido por uma série de bacias abissais oceânicas, interrompidas pelas cristas oceânicas de Scotia e Macquarie e pela plataforma continental de Kerguelen. Este oceano representa um importante componente tanto do Clima e Oceano global, como também da Bioesfera. É aqui que se inicia a corrente termohalina profunda, fundamental para a vida submarina planetária devido ao abastecimento de oxigénio as camadas mais profundas do oceano, e para a vida a superfície, visto que transporta nutrientes das profundezas para os produtores primários pelágicos. também é nesta região que se encontra a corrente circumpolar antártica, acompanhada pelas vagas e ventos de oeste que aumentam a profundidade da camada homogénea superficial (conceito fundamental em producão primária). Para a existência destes fenómenos fundamentais e para a manutenção da calote glacial é essencial que as temperaturas registadas na Antártida permaneçam abaixo de zero. Deste Oceano dependem vários animais para se reproduzirem e alimentarem, nomeadamente a ave com maior envergadura de asas do nosso planeta, o Albatroz-Errante (Diomedea exulans). Esta espécie está, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (I.U.C.N), vulneravel a extinção, em muito devido a mortalidade que advém da interação desta ave com barcos de pesca que operam nas suas áreas de alimentação. Os aparelhos atualmente utilizados para seguir estes animais quando partem para o mar em busca de alimento apenas nos fornecem dados de localização e massa do alimento, mas nada acerca de intensidade ou frequência de itens ingeridos, nem a categoria taxonómica a que esses itens pertencem. Uma dessas categorias taxonómicas, a teutofauna, é composta pelos cefalópodes (lulas e polvos), que, no oceano Austral apresentam um alto grau de endemismo, e muitas divisões taxonómicas não se encontram aqui presentes, como e o caso dos chocos e lulas Myopsidas. Teoriza-se que a teutofauna seja responsável por uma cadeia trófica alternativa ao Krill (Euphausia superba) e que substitua o nicho alimentar dos grandes peixes epipelágicos. Estes moluscos são muito esquivos, conseguindo evadir-se muito eficazmente à captura por metodos tradicionais tanto pelos cruzeiros científicos, como por barcos de pesca, daí a informação atualmente disponível relativamente a estes animais nesta região ser reduzida. Nos últimos anos têm sido desenvolvidas técnicas e metodologias com isótopos estaveis de Carbono e Azoto que pemitem averiguar a partir das assinaturas destes elementos (razão entre a concentração do isótopo mais pesado sobre a do mais leve) nas mandíbulas inferiores das lulas, a distribuição latitudinal e posição trófica (respetivamente) destes animais. A assinatura de Carbono é caracteristico de cada latitude neste Oceano, logo informa onde as lulas se alimentaram, e como a assinatura de Azoto enriquece de uma forma mais ou menos linear de nível trófico em nivel trófico, é possivel calcular níveis tróficos com esta assinatura. Assim, este estudo pretende averiguar a intensidade de captura de cefalópodes pelo D. exulans ao longo do oceano em estudo, através da caracterização da dieta em cefalópodes deste e averiguar a distribuição geográfica (e trófica) destes cefalópodes, e finalmente, inferir a partir desta informação consequências conservacionistas para o D. exulans. Para tal, obtiveram-se regurgitações induzidas e boluses de crias de D. exulans nas ilhas da Geórgia do sul, Crozet e Kerguelen, donde se recolheram as mandíbulas dos cefalópodes usadas neste estudo. Através da identificação de cada mandíbula e uso de equações alométricas para estrapolar o peso da lula a partir do tamanho da mandíbula, foi possivel obter valores da abundância numérica e em massa das varias espécies, e assim caracterizar a dieta. Para averiguar a distribuição latitudinal das lulas, foram consideradas as assinaturas de Carbono superiores a -19,5‰ e inferiores a -22,3‰ como subtropicais e antárticas, respetivamente, e as que se encontravam entre estes limites, como subantárticas. Enquanto que para o cálculo do nível trófico, foi usada uma função linear que transforma a assinatura de Azoto da mandíbula em nível trófico. Com os dados obtidos nas alíneas anteriores, foi possivel obter a latitude média em que os cefalópodes da dieta vivem, através do cálculo da média da assinatura de Carbono das lulas encontradas na dieta, ponderando-a com o peso (neste caso a percentagem de indivíduos) que as espécies têm na dieta. A dieta na Geórgia do sul e Crozet foi dominada em número pelas lulas Kondakovia longimana (24,2% e 33,7%), Taonius sp B (Voss) (23,7% na Geórgia do sul), Galiteuthis glacialis (8,8% em Crozet) e Histioteuthis eltaninae (10,6% e 25,3%). Em Kerguelen, a ordem de importância do contributo em número e o inverso da observada nas outras ilhas, com Histioteuthis atlantica (29,9%) a dominar, seguida por G. glacialis (12,2%) e finalmente K. longimana (10,0%). Em todas as ilhas, K. longimana destacou-se como a principal espécie a contribuir para a massa encontrada na dieta (75.5%, 76.0% e 31.0% na Geórgia da sul, Crozet e Kerguelen respetivamente), mas em Kerguelen verificou-se que lulas gigantes (Architeuthis dux e Taningia danae) também contribuem com alguma importância para a massa total da dieta (15,0% e 13,2%). A espécie Histioteuthis atlantica, devido ao grande número de individuos encontrado em Kerguelen, acabou por ter um grande contributo por massa (12,9%). As diferenças verificadas nas dietas sustentam que no setor atlântico deste Oceano, os albatrozes dependem mais de Taonius sp. B (Voss), Gonatus antarcticus e Mastigoteuthis sp. A (Clarke) que no setor Indico, pois neste último setor os albatrozes têm disponível uma maior variedade de lulas devido a proximidade aos subtrópicos. Foram verificados indícios de necrofagia, pois várias lulas encontradas pesavam várias vezes mais que um albatroz adulto (aproximadamente 45 Kg e 12 Kg respetivamente). As lulas analisadas neste estudo apresentam distribuição desde a zona Subtropical a Antártica. As espécies identificadas como subtropicais foram a H. atlantica, Cycloteuthis akimushkini e Taonius sp. (Clarke), e como espécies antárticas foram identificadas a Batoteuthis skolops e Gonatus antarcticus. K. longimana e Moroteuthis knipovitchi também se encontraram em águas antárticas, mas em alguns locais da amostragem mostraram distribuição subantártica devido ao efeito que a proximidade à costa tem sobre a assinatura isotópica de Carbono, e também ao facto de já terem sido observadas a norte da frente polar antártica. Todas as espécies apresentaram a mesma distribuição que a previamente observada, exceto G. antarcticus que foi observada no Antártico e Galiteuthis glacialis com a Alluroteuthis antarcticus no subAntártico perto da frente subtropical. As lulas analisadas distribuem-se por 3 níveis tróficos diferentes, desde o final do terceiro ate ao inicio do sexto, com a Martialia hyadesi a representar o terceiro nível (alimentando-se potencialmente de copépodes e krill), seguida no quarto pela K. longimana e Moroteuthis ingens (alimentando-se potencialmente de mictofídeos e outros peixes mesopelágicos). No início do quinto nível estavam presentes varias espécies que são características do meio mesopelágico como H. eltaninae e Haliphron atlanticus e a meio deste nível encontra-se B. skolops e M. sp. A (Clarke), duas espécies muito similares, e que provavelmente tem a mesma estratégia alimentar que outros Mastigoteuthideos, ou seja, alimentam-se de zooplânton bentopelágico. Nos níveis tróficos mais elevados, encontra-se G. antarcticus, T. sp. B (Voss) e Taningia danae, que se alimentam de presas com assinaturas de Azoto elevadas devido a encontrarem-se em cadeias tróficas muito inefecientes ou a serem predadores de topo. Não foi possivel a determinação de níveis tróficos na zona subtropical, mas C. akimushkini apresenta a assinatura de Azoto mais alta, e H. atlantica mais baixa. A espécie H. atlantica revela um crescimento da assinatura de Azoto com o aumento do tamanho do animal. A media ponderada da assinatura de Carbono das dietas dos albatrozes em lulas e a assinatura de Carbono das principais lulas da dieta mostrou que na Geórgia do sul os albatrozes se alimentam em média na zona da frente polar, limitando-se mais a águas subantárticas e próximas das plataformas continentais desta região, onde ocorre a pesca do Bacalhau da Patagónia (Dissostichus eleginoides), enquanto que no setor índico, alimentam-se mais a norte na zona subantártica, perto da plataforma continental das ilhas Kerguelen (onde opera a pesca ao D. eleginoides), ou no mar aberto entre estas e as Crozet. Em Kerguelen, se os dados da dieta estiverem certos acerca da importancia da H. atlantica, estas aves alimentam-se principalmente na zona subtropical onde ocorre a pesca ao atum Thunnus maccoyii e secundariamente na plataforma continental da ilha onde são residentes (onde opera a pesca ao D. eleginoides), se H. atlantica afinal não for tão importante, a principal zona de alimentação será mesmo a plataforma continental, com os seus respetivos perigos. Assim, K. longimana domina a dieta de D. exulans, com diferentes contribuições das outras familias de lulas nas várias ilhas. As lulas presentes na dieta vêm desde a zona subtropical até à Antártida com exceção na Geórgia do sul, onde não se registaram lulas dos subtrópicos. A importância na cadeia trófica destes animais foi confirmada, encontrando-se animais de vários níveis tróficos. A principal ameaca ao D. exulans é a pesca dos palangreiros nas plataformas continentais desta região, e em Kerguelen, a pesca ao atum Thunnus maccoyii.
Tipo de Documento Dissertação de Mestrado
Idioma Inglês
Orientador(es) Rosa, Rui Afonso Bairrão da, 1976-; Xavier, José
delicious logo  facebook logo  linkedin logo  twitter logo 
degois logo
mendeley logo

Documentos Relacionados



    Financiadores do RCAAP

Fundação para a Ciência e a Tecnologia Universidade do Minho   Governo Português Ministério da Educação e Ciência Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento União Europeia