Autor(es):
Pereira, Sílvia Afonso
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/4250
Origem: Repositório da Universidade de Lisboa
Assunto(s): Língua portuguesa; Variação linguística; Negações (Linguística); Sintaxe; Teses de mestrado - 2010
Descrição
Tese de mestrado, Linguística, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2010 Esta dissertação tem como objecto de estudo o marcador de negação
metalinguística agora, analisando o seu comportamento sintáctico sob uma perspectiva
dialectal. Partindo do conceito de negação metalinguística proposto por Horn (1985,
1989) e dos trabalhos sobre esse tema realizados por Martins (2010a, no prelo) para o
Português Europeu (PE), pretendemos com este trabalho atingir os seguintes objectivos:
(i) provar que a palavra agora deve ser considerada um marcador de negação
metalinguístca (segundo Horn 1985, 1989); (ii) provar, na linha de Martins (2010a, no
prelo), que agora é um marcador de negação metalinguística do tipo periférico; (iii)
apresentar evidência empírica que comprova a existência de variação dialectal
relativamente ao marcador de negação metalinguística agora; (iv) apontar as
propriedades que nitidamente distinguem o comportamento sintáctico do marcador
agora no dialecto do Minho de outras áreas dialectais, e apresentar uma descrição
detalhada das construções com agora naquele dialecto.
Os dados desta investigação mostram, amplamente, a existência de fenómenos
indicadores de variação dialectal relativamente ao marcador agora, como é o caso da
diferente posição que, consoante o dialecto, o marcador ocupa na frase, e das
possibilidades de co-ocorrência com diferentes tipos de constituintes. Propõe-se que
essas diferenças decorrem de diferentes representações sintácticas. Mais concretamente,
defende-se que embora agora esteja associado, em qualquer dialecto, ao domínio de CP,
no dialecto minhoto agora apresenta a particularidade de ser um elemento de primeira
posição que ocorre em Spec, ForceP (de acordo com a terminologia de Rizzi 1997).
A base empírica desta dissertação assenta essencialmente nos juízos da autora do
trabalho (que é falante nativa do dialecto minhoto), tendo-se recorrido adicionalmente a
outros dados e a juízos de outros falantes.
Ao evidenciar a nítida relação entre agora e a periferia esquerda da frase, esta
dissertação consolida as conclusões a que trabalhos como os de Drozd (2001) e Martins
(2010a, no prelo) têm chegado sobre a sintaxe dos marcadores de negação
metalinguística do tipo periférico, contribuindo para as ainda escassas investigações
sobre a sintaxe da negação metalinguística. Paralelamente, permite alargar os
conhecimentos sobre variação sintáctica nos dialectos do português. Abstract: This dissertation has as its object of analysis the metalinguistic negation marker
agora, studying its syntactic behaviour under a dialectal perspective. Starting from the
concept of metalinguistic negation proposed by Horn (1985, 1989) and from further
research on that topic developed by Martins (2010a, forthcoming) for the European
Portuguese (EP) language, with this project we intend to achieve the following goals: (i)
to prove that the word agora must be considered a metalinguistic negation marker
(according to Horn 1985, 1989); (ii) to prove that, following Martins (2010a,
forthcoming), agora is a peripheral metalinguistic negation marker; (iii) to present
empirical evidence that proves the existence of dialectal variation relatively to the
metalinguistic negation marker agora; (iv) to expose the properties that clearly
distinguish the syntactic behaviour of the marker agora in the Minho dialect from other
dialectal areas, and to present a detailed description of constructions with agora in that
dialect.
The data from this research shows - widely - the existence of phenomena
indicating the dialectal variation concerning the marker agora, as is the case of the
different position in which, depending on the dialect, the marker occurs in the sentence,
and the possibilities of co-occurrence with different types of constituents. It is suggested
that those differences derive from different syntactic representations. More specifically,
it is stated that even though agora is associated, in any dialect, with the area of CP, in
the Minho dialect agora shows the particularity of being a first position element
occurring in Spec, ForceP (according to Rizzi's, 1997, terminology).
The empirical basis for this dissertation is grounded essentially on the author's
intuitions (a native speaker of the Minho dialect), having resorted to data and
contributions from other speakers.
By putting into evidence the clear relation between agora and the left periphery
of the sentence, this dissertation consolidates the conclusions that have been reached by
works such as the ones by Drozd (2001) and Martins (2010a, forthcoming) on the
syntax of metalinguistic negation markers of the peripheral kind, contributing to the still
scarce research on metalinguistic negation syntax. On a parallel level, it allows for a
growth in knowledge concerning syntactic variation in Portuguese dialects.