Autor(es):
Raposo, Jerónima Isabel Carvalho Correia, 1975-
Data: 2010
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/2218
Origem: Repositório da Universidade de Lisboa
Assunto(s): Depressão; Dietética; Necessidades nutricionais; Alterações do peso corporal; Ingestão de alimentos; Actividade motora; Psicotrópicos; Teses de mestrado - 2010
Descrição
Objectivos: A depressão pode levar à obesidade e a obesidade pode potenciar perturbações depressivas. No entanto, mudanças nos hábitos alimentares e no padrão nutricional em doentes com síndromes depressivos, têm sido pouco investigados. O nosso objectivo foi identificar possíveis associações entre factores nutricionais e a depressão.
Métodos: Este estudo transversal incluiu 127 doentes adultos com perturbações depressivas (DSM-IV), sob tratamento psiquiátrico. Todos os parâmetros estudados foram ajustados para a idade e sexo: Índice Massa Corporal (IMC), perímetro abdominal, %gordura (BIA-TanitaBC-418®), ingestão nutricional (questionário estruturado e validado semi-quantitativo) e actividade física (questionário estruturado e validado semi-quantitativo), tendo sido comparados as recomendações internacionais.
Resultados: a idade média dos doentes foi de 48±13 (18-81) anos; 119/127 eram mulheres (94%). Excesso de peso/obesidade encontrou-se em 72% dos doentes, 72% tinha excesso de massa gorda e 69% apresentava um perímetro abdominal acima dos valores máximos recomendados. A doença prolongada estava associada a níveis mais elevados de IMC e massa gorda, p<0,03. O ganho de peso durante a doença registou-se em 87% dos doentes, e apenas 12% perderam peso, não tendo sido verificada desnutrição. O ganho de peso e um excesso de massa gorda estavam correlacionados com um IMC mais elevado, p=0,002. O padrão de ingestão alimentar encontrado era pobre, monótono e inadequado em 59% dos doentes. Existia também em 78% dos doentes uma ingestão regular de alimentos hipercalóricos, e o padrão de ingestão alimentar estava associado ao ganho de peso, p=0.002. O consumo de psicofármacos estava associado com aumento de peso significativo, p=0,01; os fármacos mais prescritos foram os anti-depressivos (75%) e as benzodiazedinas (72%). Além disso, 80% dos doentes não praticava qualquer actividade física.
Conclusões: Existia uma associação bidireccional entre depressão e excesso de peso/obesidade, com uma prevalência clinicamente preocupante de excesso de massa gorda, gordura abdominal, aumento de peso, ingestão nutricional inadequada e sedentarismo. Este padrão não saudável justifica a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, que promova estilos de vida saudáveis que possam coadjuvar no tratamento da depressão. Rationale: Depression may lead to obesity whereas obesity can contribute to depressive disturbances; yet changes in nutritional pattern and habits in depressive yndromes have been scantily investigated. We aimed to identify possible associations between nutritional factors and diagnosed depression. Methods: This cross sectional study comprised 127 consecutive ambulatory adult patients with depression (DSMIV), under psychiatric treatment. All studied items, adjusted for sex and age, included: BMI, waist circumference, %fat mass (BIA-TanitaBC-418®), nutritional intake by comparison with recommendations (validated semi-quantitative structured food questionnaire) and physical activity (validated structured questionnaire).
Results: Patient’s mean age was 48±13 (18-81) yrs, 119/127 (94%) were women. Overweight/obesity was found in 72% of the cohort, 72% had excessive fat mass and 69% had a waist circumference above the maximum cut-off value. Longer disease was associated with higher BMI and fat mass, p<0.003. Weight gain during illness was registered in 87%, only 12% lost weight, though undernutrition did not occur. Weight gain and greater fat mass were correlated with higher BMI, p=0.002. The pattern of food intake was poor, monotonous and inadequate in 59% of patients, there was also a regular consumption of hypercaloric foods by 78%. Overall, the food intake pattern was associated with weight gain, p=0.002. Drug consumption was associated with significant weight gain, p=0.01; antidepressants (75%) and benzoiazepines (72%) were prevalent. Furthermore, 80% of patients did not practice any physical activity.
Conclusions: There was a bidirectional association with overweight/obesity: a striking and clinically worrying prevalence of excess fat mass, abdominal fat, weight gain, poor nutritional intake and sedentarism. This unhealthy pattern points towards the need of a multidisciplinary approach to promote healthy life styles that may help depression management.