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O histórico e o eterno: do salafismo a Kierkegaard

Autor(es): Leite, Ana Pinto cv logo 1

Data: 2013

Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10451/10112

Origem: Repositório da Universidade de Lisboa

Assunto(s): Kierkegaard, Soren, 1813-1855 - Crítica e interpretação; Alcorão - Hermenêutica; Salafismo; Teses de mestrado - 2013


Descrição
Tese de mestrado, Teoria da Literatura, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2013 “Salafismo” é um termo que designa uma pluralidade de correntes dentro do Islão, tanto historicamente como no presente. Identifica-se, contudo, um núcleo comum a estas correntes que consiste no desejo de restaurar um passado ideal, narrado num corpus de textos – a que se dá o nome de sunna ou ḥadīṭ. A fé salafista, ao contrário do que se observa em Abraão de Temor e Tremor de Kierkegaard, apresenta um carácter epistemológico, isto é, importa que esses textos sejam reconhecidos como históricos. Uma hermenêutica literalista, em que o contexto da revelação (contido no ḥadīṭ) é definido como parte do sentido literal do texto revelado (o Alcorão), é o mecanismo que pretende salvaguardar das contingências da razão humana a relação do salafismo com o passado. Kierkegaard afirma, em Migalhas Filosóficas, que o discípulo contemporâneo não possui vantagem em termos de fé em relação ao discípulo de segunda mão. Porém, dada a importância do histórico para o salafismo, o crente actual encontra-se numa posição desfavorável. Por isso, não existe a possibilidade de uma interpretação actual do Alcorão: o passado ideal não é meramente histórico; é projectado na eternidade, e, desta forma, torna-se uma realidade sempre-presente. Abstract: Salafism is a word used to name a plurality of currents within Islam along history, but also in present times. Yet, one can identify a common core in these currents. It consists in the wish to restore an ideal past narrated in a corpus of texts that receives the designation of sunna or ḥadīṭ. Salafist faith, contrariwise to what is patent in Abraham in Fear and Trembling by S. Kierkegaard, presents an epistemological character, i.e. it matters that the texts in question are recognized as historical texts. The mechanism that is aimed at safeguarding the relation of salafism to the past from the contingencies of human reason is a literalist hermeneutics where the context of revelation (that lies in the ḥadīṭ) is defined as part of the literal meaning of the revealed text (the Qur‟an). In Philosophical Fragments, Kierkegaard states that the contemporary disciple does not hold any advantage in what concerns faith, when put in parallel with the disciple in second hand. Nevertheless, given the relevance of the historical for salafism, the present day believer sees himself in disadvantage. Hence, there is no possibility of a present day interpretation of the Qur‟an: the ideal past is not merely historical – it is projected in eternity and this way it becomes a reality that is always-present.
Tipo de Documento Dissertação de Mestrado
Idioma Português
Orientador(es) Justo, José Miranda; Fernandes, Hermenegildo
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