Autor(es):
Machado, Pedro Miguel
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.14/10516
Origem: Veritati - Repositório Institucional da Universidade Católica Portuguesa
Assunto(s): dispneia; cuidados paliativos; incidência; controlo sintomático; dyspnea; palliative care; incidence; symptomatic control
Descrição
A dispneia é um sintoma subjetivo, relatado na primeira pessoa, que causa enorme
perturbação e sofrimento quer ao doente quer aos seus familiares. Com o objetivo
de determinar a incidência de dispneia em doentes internados nas unidades de
cuidados paliativos portuguesas em 2010, desenvolveu-se um estudo observacional,
longitudinal, descritivo.
Foi constituída uma amostra de 301 doentes admitidos em 2010, em seis unidades
de internamento de cuidados paliativos. Os dados foram colhidos através da
consulta de processos clínicos, registando a informação num guião de registo. A
maioria dos doentes em estudo eram doentes oncológicos (90,70%), com comorbilidades
(65,78%), do género masculino (58,5%), com mediana de idades de 76
anos.
A incidência de dispneia foi de 20,27% e a prevalência na admissão de 6,65%.
Verificou-se uma incidência de 39,53% entre os doentes com neoplasia maligna do
aparelho respiratório e dos órgãos intratorácicos e de 13,46% entre os doentes com
neoplasia maligna dos órgãos digestivos.
No momento de admissão, o tempo de sobrevivência mediano foi de 11 dias
(IIQ=31,50 dias). Após o episódio de dispneia foi de três dias (IIQ=12,00 dias).
Em 73,75% dos processos clínicos consultados havia avaliação da dispneia até às
48 horas após admissão, na sua maioria sem recurso a uma escala de avaliação
(82,39%).
O controlo sintomático da dispneia foi realizado com recurso a medidas
farmacológicas (78,69%) e não farmacológicas (22,95%), sendo a morfina o fármaco
mais utilizado (25,27%), seguido da oxigenoterapia (21,98%) e broncodilatadores
(20,88%).As abordagens no alívio ou redução da dispneia em que foi possível verificar a sua
efetividade correspondem a 57,38% dos casos de dispneia. Nestes, as intervenções
foram eficazes em menos de 48 horas após episódio de dispneia, sendo que a
utilização de medidas unicamente farmacológicas foi de 74,29%, as unicamente não farmacológicas de 8,57% e a utilização de ambas de 17,14%. Dyspnea is a subjective symptom, reported in the first person, causing significant
distress and suffering to the patient and his family. In order to determine the
incidence of dyspnea in patients hospitalized in portuguese palliative care units in
2010, an observational, longitudinal, descriptive study was developed.
A sample of 301 patients admitted in 2010 was set from six inpatient units of
palliative care. Data was collected by consulting clinical records, gathering
information in a registry form. Most patients in the study were cancer patients
(90.70%), with co-morbidities (65.78%), male gender (58.5%), with a median age of
76 years.
The incidence of dyspnea was 20.27% and the prevalence at admission of 6.65%.
There was an incidence of 39.53% among patients with malignant cancer of
respiratory and intrathoracic organs and 13.46% among patients with malignant
cancer of digestive organs.
At the time of admission, the median survival time was 11 days (IQR = 31.50 days).
After the occurrence of dyspnea it was three days (IQR = 12.00 days).
Evaluation of dyspnea in 48 hours after admission was found on 73.75% of the
clinical records, mostly without the use of an evaluation scale (82.39%).
The symptomatic control of dyspnea was conducted using pharmacological (78.69%)
and nonpharmacological (22.95%) measures, with morphine as the most frequently
used drug (25.27%), followed by oxygen (21.98%) and bronchodilators (20.88%).
The effectiveness of the approaches for the relief or reduction of dyspnea was
possible to be verified in 57.38% of the cases of dyspnea. In these cases, the
interventions were effective in fewer than 48 hours after an occurance of dyspnea,where the use of only pharmacological measures was 74.29%, only the nonpharmacological
of 8.57% and only both of 17.14%.