Author(s):
Fraga, Luís Alves de
Date: 1999
Persistent ID: http://hdl.handle.net/11144/474
Origin: Camões - Repositório Institucional da Universidade Autónoma de Lisboa
Subject(s): Portugal; Europa; Grande Guerra; Estratégia militar; Falência nacional
Description
Há já alguns anos que, debatendo-me sobre a problemática do anacronismo, me interrogava se era lícito discorrer e aplicar agoraa um qualquer contexto histórico um conceito que nos
é actual, mas que, admitimos, tenha tido existênciano passado, embora dele, então, não houvesse completa consciência.
Depois de muito estudo comparativo e meditação, conclui que não se pode generalizar
automaticamente, porque há conceitos que são de todos os tempos e outros que variaram com as
alterações culturais que a marcha dos séculos vai gerando em todos os lugares. Está no primeiro
caso o conceito de estratégia.
Realmente, mesmo desconhecendo quaisquer bases teóricas, o Homem sempre fez
estratégia, isto é, sempre usou de estratagemas quevisavam ludibriar, pelo menos temporariamente, o adversário para conseguir alcançar objectivos que já antes definira, negando-lhe idêntica atitude. Infere-se daqui que só há — houve — estratégia quando há — houve — conflito, isto
é, quando o outroé olhado como adversário. É claro que a conflituosidade pode ser declarada ou
encontrar-se incipientemente esboçada; tal facto não invalida a prática de uma estratégia. Poderse-ia dizer, até, que nesta última circunstância o desenvolvimento do estratagema tenderia a
ganhar contornos de maior subtileza para evitar rupturas desnecessárias ou inconvenientes. Em
suma, não há estratégia quando a relação é cooperante.