Autor(es):
Lourenço, Maria Carla
; Cruz, José
Data: 2005
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.9/449
Origem: Repositório do LNEG
Assunto(s): Recursos geotérmicos; Energia geotérmica; Entalpia; Portugal Continental
Descrição
No que se refere ao aproveitamento das chamadas "altas entalpias", a energia geotérmica é já bem conhecida por algumas realizações que permitem a produção de energia eléctrica. Exemplo típico no nosso país é o que se passa no Arquipélago dos Açores, na ilha de S. Miguel, onde há já várias anos se encontra a funcionar uma central geotérmica.
Em Portugal Continental, o panorama é já um pouco diferente. Sai-se do domínio das chamadas "altas entalpias" para se entrar no domínio das "baixas entalpias". Mas mesmo neste domínio, com fluidos a temperaturas moderadas (até cerca de 100ºC), se podem efectuar aplicações a nível da indústria, aquecimento urbano e agricultura.
Em virtude de uma complexa e diversificada geologia, Portugal Continental possui um apreciável potencial geotérmico, evidenciado pelo elevado número de ocorrências com temperaturas superiores a 20ºC, utilizadas com finalidades termais desde tempos antigos. Nos últimos anos tem-se vindo a observar um interesse crescente na realização de estudos e projectos que têm em vista o aproveitamento da energia geotérmica, nomeadamente o aquecimento dos próprios estabelecimentos termais, de unidades hoteleiras, de piscinas e de estufas agrícolas. Alguns dos projectos encontram-se actualmente em funcionamento.
O potencial geotérmico em Portugal Continental pode ser aproveitado por duas vias: (i) o aproveitamento dos recursos da meia centena de pólos termais existentes com temperaturas entre 20 e 76 ºC, e, (ii) do aproveitamento de aquíferos profundos nas orlas Meso-Cenozóicas Ocidental e Meridional, revelados pelos furos de reconhecimento petrolífero. No primeiro caso temos em funcionamento, desde os meados dos anos 80, aproveitamentos geotérmicos em Chaves e S. Pedro do Sul. Outros pólos interessantes, conjugando disponibilidades do recurso e mercado, situam-se em Aregos, Vizela, e Monção. No caso das Bacias Sedimentares foi efectuada, no Hospital da Força Aérea no Lumiar, em Lisboa, uma operação geotérmica em furo único (com 1500 m de profundidade e 50ºC à cabeça do mesmo), destinado à produção de água quente sanitária, climatização e água potável fria. Para idênticos fins foi aproveitado o calor de um furo de 475 metros de profundidade (30ºC à cabeça do furo), nos Serviços Sociais das Forças Armadas (Oeiras), ainda que neste caso seja apoiado com bombas de calor.
Na presente comunicação relatam-se os principais resultados obtidos até ao presente e identificam-se as principais intenções de desenvolvimento conhecidas. De igual modo, faz-se uma referência ao enquadramento legislativo no aproveitamento dos recursos geotérmicos e conclui-se com um enunciado de propostas orientadas para a valorização e melhor aproveitamento dos recursos geotérmicos nacionais.