Author(s):
Silveira, Carina Simões da
Date: 2008
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.12/928
Origin: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Subject(s): Psicologia comunitária; Capital social; Desenvolvimento comunitário; Instrumentos; Redes sociais; Empowerment; Community psychology; Community development; Social capital; Instruments; Social networks
Description
Dissertação de Mestrado em Psicologia Comunitária Este estudo pretendeu analisar o capital social comunitário dos jovens de 12° Ano da cidade de Lisboa, no momento anterior ao da entrada na idade adulta, utilizando o Questionário de Capital Social Comunitário, nas suas oito dimensões — confiança; pró-actividade; participação; ligações com a família e amigos; valor da vida; tolerância para com a diversidade; ligações com a vizinhança; ligações com a escola. Muitos dos estudos sobre o capital social dos jovens são uni-dimensionais, apresentando sérias limitações na compreensão e na análise (Bassani, 2007). Este estudo, debruça-se sobre o capital social juvenil numa perspectiva multi-dimensional e comunitária, abordando vários grupos em que os jovens estão inseridos: a escola, a família e os amigos, e a vizinhança.
Trata-se de um trabalho enquadrado na recente investigação sobre o capital social, que reformula a Teoria da Proximidade (Coleman, 1990), e encara os jovens como tendo um papel activo na produção de capital social e não como meros receptores do capital social gerado pelos adultos (Holland, Reynolds & Weller, 2007; Offer, 2007; Bassani, 2007; Morrow, 2005). O envolvimento dos jovens nos assuntos da vida comunitária tem sido avançado como uma política prioritária no desenvolvimento dos jovens e na construção de comunidades mais saudáveis (Zeldin, Camino & Calvert, 2003, 2007). Utilizando um design que apela ao método correlacionai e ao método comparativo, foi possível por um lado, uma compreensão aprofundada sobre as correlações existentes entre as várias dimensões do questionário, isto é, os vários elementos que compõem o capital social comunitário, e por outro lado, uma análise comparativa, tendo em conta a relação entre as várias dimensões do capital social comunitário e algumas variáveis
sócio-demográficas - género; idade; votar nas eleições da escola; confiança nos
políticos; interesse pela política; felicidade; exercício físico.
As principais conclusões do estudo mostram que existe uma forte correlação entre a
participação e a pró-actividade. A análise realizada teve era conta o conceito de
participação juvenil a dois níveis (Boyden & Ennew, 1997) - um menos efectivo,
relacionado com o fazer parte e estar presente e outro mais efectivo, relacionado com a
pró-actividade.
Foi notório também que os jovens com mais interesse pela política e com mais
confiança nos políticos possuíam níveis mais altos de pró-actividade, ligações na
família e amigos, ligações na escola e ligações na vizinhança e que os indivíduos que
mais votam nas eleições da escola, têm também níveis mais altos de ligações na
vizinhança e na escola.
Registaram-se correlações significativas entre a pró-actividade e outras dimensões -
ligações na família e amigos, as ligações na escola e valor da vida. Por outro lado, foi
também evidente uma correlação forte entre as ligações na família e amigos e as
ligações na escola.
Verificou-se ainda, que os jovens com níveis mais altos de felicidade possuíam também
níveis mais altos em quase todas as dimensões do questionário de Capital Social
Comunitário - confiança, pró-actividade, participação, ligações na família e amigos,
ligações na escola e valor da vida. Tal facto, faz-nos pensar na íntima relação do capital
social comunitário com o sentimento de bem-estar.
Observaram-se diferenças significativas no que respeita à confiança, consoante o
género. Constatou-se que os rapazes possuíam níveis mais elevados de confiança do que
as raparigas. Dado que a confiança assenta sobretudo na ideia de previsibilidade coloca-
se a hipótese de tal diferença estar relacionada com um ambiente desigual em matéria de
direitos.
Foi possível perceber que os jovens que praticam exercício físico têm níveis mais
elevados de pró-actividade, ligações na família e amigos, ligações na escola, tolerância
para com a diversidade e valor da vida.
Para além da relação existente entre o exercício físico e o valor da vida, também se
constatou que a prática de desporto está relacionada com níveis mais elevados de
felicidade.
Este estudo dá conta da importância do capital social dos jovens, e da relevância da
participação e do envolvimento dos jovens na governança, corno factores de desenvolvimento incontornáveis na construção de comunidades mais ricas e mais saudáveis.