Autor(es):
Silva, Ana Catarina Duarte
Data: 1999
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/922
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Psicologia clínica; Teste de Rorschach; Adolescência; Psicanálise; Desenvolvimento; Identidade; Feminilidade; Estudo de caso; Clinical psychology; Rorschach test; Adolescents; Psychoanalysis; Development; Identity; Femininity; Case study
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica Este trabalho tem por objectivo explicitar em sujeitos adolescentes como o pensamento depende de estruturas psíquicas internas emocionais do materno e do feminino, utilizando como método e técnica o processo de resposta Rorschach.
De natureza essencialmente teórica e baseado na teoria psicanalítica Kleiniana e pós Kleiniana, este estudo não se inscreve num modelo empírico e experimental. Com apoio das considerações preconizadas por Raush Traubenberg, Chabert e Marques, este trabalho baseia-se numa técnica clínica projectiva - o Rorschach - e visa a transposição do conteúdo manifesto da resposta Rorschach para o seu conteúdo latente, abrindo assim um leque de re-significações internas às experiências emocionais do sujeito, que nos permitam aceder à compreensão do seu funcionamento mental.
Optámos pelo estudo dos protocolos de duas raparigas adolescentes, dado o processo adolescente ser um período extremamente rico e dinâmico, durante o qual são reactivadas e reelaboradas todas as questões relacionadas com as relações objectais primárias, entre as quais a relação com o materno e o feminino toma particular importância. Na rapariga a estruturação do materno e do feminino baseia-se numa lógica de circularidade interna, uma vez que ela tem de se distanciar inicialmente do objecto materno para se poder afirmar como independente dele e por fim, retornar a ele para poder aceder à sua identidade feminina sexual adulta, ainda que distinta do objecto materno inicial.
Partimos de uma perspectiva histórico-evolutiva do conceito do feminino dentro da teoria psicanalítica, que apesar de extensa, se torna essencial para a compreensão da evolução deste conceito.
Com o desenrolar do estudo, constatámos que na base da actividade do pensar repousa uma experiência afectiva, onde materno/feminino se constituem como uma relação continente/conteúdo mediada pelo mecanismo de identificação projectiva, de forma a atribuir uma significação interna à experiência emocional aqui revivida, quer na situação Rorschach quer na situação adolescente.
Considerámos que o Rorschach se constitui como um elemento privilegiado para compreender a fluidez mental do processo adolescente, dado a situação Rorschach também ela se basear na simbolização e na re-significação das experiências emocionais, por meio de um trabalho de integração, ligação, articulação e transformação entre objectos internos e externos, num vaivém contínuo/descontínuo entre dentro e fora, num aqui e num agora, presente passado, e futuro, visando a construção de um novo objecto renovado e enriquecido.
O Rorschach, quando utilizado numa linha de convergência e coerência interna entre teoria, técnica e método, constitui-se como um instrumento preciosíssimo à construção da verdade do sujeito. Psicólogo e sujeito reúnem-se numa experiência emociona! única, em que ambos participam na criação e reconstrução do conhecimento do sujeito observado, pela atribuição de novos sentidos e significações às experiências emocionais aqui vividas e revividas.