Autor(es):
Salgueiro, Fernando da Silva
Data: 1999
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/883
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Descrição
Dissertação de Mestrado em Comportamento Organizacional Pensar as organizações de ensino em contabilidade como espaços de qualificação do sistema de formação contabilística de forma a saber se existe desfasamento entre a procura de competências geradas pelo sistema produtivo e o conjunto de conhecimentos oferecidos pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), foi a pergunta de partida que nos conduziu ao presente estudo.
Este estudo pretende fazer o diagnóstico da estrutura do ISCAL, abordando o conceito de organização e a sua aplicação a uma organização de ensino. Aplicando quatro grandes conceitos - estrutura, cultura, poder e estratégia, efectuamos um levantamento da forma como o ISCAL define a sua estrutura orgânica e poder formal, que tipo de cultura organizacional desenvolve e quais os caminhos estratégicos que percorreu para atingir o actual estado de desenvolvimento.
Em nossa opinião a problemática da formação em contabilidade, emerge hoje com uma maior acuidade, fruto da integração europeia, de uma maior internacionalização da economia e do desenvolvimento económico e tecnológico, razão pela qual a presente pesquisa, se insere na problemática da adaptação das organizações às novas realidades. No caso concreto pretendeu-se avaliar os conhecimentos ministrados peio ISCAL, efectuando a avaliação com enfoque na relação entre estes e a sua utilização no exterior.
Embora a necessidade de fazer contas se mantenha no futuro, a evolução da feitura da contabilidade irá passar pela adaptação aos avanços tecnológicos no processamento, armazenamento e comunicação dos dados. No contexto actuai as exigências da profissão de contabilista deverão crescer fortemente. Os conhecimentos não poderão restringir-se à contabilidade; é necessário ter conhecimentos de informática, de matérias financeiras, de cálculo, de estatística, de economia, de fiscalidade, de direito das sociedades e do funcionamento do mercado financeiro e de capitais.
Foi nossa opção circunscrevermos o trabalho empírico (estudo de caso) ao ponto de vista dos sujeitos que adquirem conhecimentos e desenvolvem na prática organizacional competências profissionais (recém licenciados), à opinião de docentes (responsáveis de cadeiras) do ISCAL, ao percurso académico e profissional do autor do presente estudo, de forma a estabelecer a ligação entre os resultados da formação (capacidades expressa pelos ex-alunos no mercado de trabalho) e as exigências das competências formuladas no espaço económico de desempenho.
A escolha do âmbito de estudo "ensino da contabilidade no ISCAL no contexto da integração europeia", tem por base a necessidade que o autor sentiu na compreensão da forma de agir do ISCAL (escola onde é assistente) e a adaptação dos seus conhecimentos ao mercado de trabalho (empresas onde exerce as funções de revisor oficial de contas) ou ainda na Administração Pública, Direcção-Geral dos Impostos, onde trabalhou como perito de fiscalização tributária, durante quinze anos.
Em termos de síntese, os resultados do nosso trabalho, apontam para um grande desfasamento entre os conhecimentos exigidos actualmente no mercado de trabalho e as matérias leccionadas pelo ISCAL, com especial ênfase para as que se situam no âmbito da informática, línguas e fiscalidade, lutas pelo poder nos órgãos de gestão, funcionamento em sistema fechado relativamente ao meio envolvente, necessidade urgente de novos programas, actuação e decisão de gestão de legalidade duvidosa, ausência quase completa de estudos de investigação e prestação de serviços à comunidade.
Face a estes problemas poder-se-á concluir que o ISCAL tem estado ausente do processo de adaptação dos profissionais às novas exigências, pelo que não tem vindo a cumprir a sua Missão e num contexto de grandes alterações e novas exigências no domínio das matérias contabilísticas, não favoreceu as aprendizagens e o desenvolvimento de competências, de forma a tornar-se uma Organização Qualificante.