Autor(es):
Pereira, Filipa Costa
Data: 2005
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/783
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Psicologia clínica; Teste de Rorschach; Relação de objecto; Psicanálise; Crianças em idade escolar; Estudo de caso; Clinical psychology; Rorschach test; Object relation; Psychoanalysis; School-age children; Case study
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica Neste trabalho delineamos uma investigação que visou procurar o significado mais profundo da expressão da irrequietude motora infantil. Para tal, destacamo-nos da lógica de assinalamento diagnóstica, que pretende definir uma categorização psicopatológica, mas pouco avança na compreensão centrada nestas crianças. Desta forma, o nosso objectivo centrou-se na procura da singularidade e do valor da agitação motora inserido na lógica individual, que condiciona e é condicionada pela dinâmica das relações de objecto. A nossa proposta assenta, por isso, numa observação minuciosa, com uma atenção a diversos registos comportamentais, verbais e relacionais, o que determinou a procura de um instrumento, de um método e de uma metodologia coerente e convergente com o nosso referencial teórico - o psicanalitico - e com os nossos objectivos. Fundamentado na teoria das relações de objecto e operacionalizado através de procedimentos que estabelecemos, o Rorschach constituiu-se como o nosso método de investigação, potencializado para alargar a nossa visão sobre as três crianças irrequietas que analisámos e, consequentemente, e apenas na medida do que tal comporta, sobre a irrequietude motora. Sem anular a singularidade, procurámos os pontos de intersecção dos três funcionamentos, para repensarmos a via motora de expressão de angústias e a sua lógica inscrita numa dinâmica de relações objectais. Constatámos que as modalidades de investimento relacional, a dinâmica conflitual e organização defensiva assumem particularidades em cada criança e condicionam diferentes funções da agitação motora. Num caso, verificou-se um registo mais inibido, noutros um registo mais incontido. No primeiro, o recurso ao corpo serve propósitos de retracção relacional, noutro representa fugas e procuras agidas e noutro insere-se numa procura de suporte externo. Nos pontos comuns registámos a influência negativa das vivências internas na relação externa, mas a possibilidade desta constituir uma contenção externa. Verificámos perturbações no processo de pensamento associadas à porosidade dos limites, a angústias persecutórias e à falha na estabilidade do bom objecto, que aqui considerámos como estranho-desconcertante e que determina o recurso a defesas, predominantemente primárias, que comprometem a riqueza e flexibilidade do funcionamento psíquico.