Autor(es):
Paraíso, Tiago
Data: 2008
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/756
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Capital social; Percepção; Psicologia comunitária; Internet; Mudança social; Atitudes de saúde; Instrumentos; Social capital; Perception; Community psychology; Social change; Health attitudes; Instruments
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicologia Comunitária Este estudo aborda a temática do Capital Social por uma perspectiva comunitária, entendendo o capital social como uma qualidade dos grupos, das redes sociais, das instituições, das comunidades e das sociedades. Esta perspectiva enfatiza a natureza colectiva do fenómeno (Perkins, 2002).
Para quantificar o Capital Social Comunitário, recorremos ao questionário mais utilizado de capital social comunitário (Ferguson, 2006), desenvolvido por Onyx & Bullen, em 2000. e medido através das dimensões: confiança; pro-actividade; participação; ligações com a família e amigos; valor da vida; tolerância para com a diversidade; ligações na vizinhança e ligações no trabalho. Este questionário foi aplicado a utilizadores de internet em Portugal, através do site www.sereisocial.com.
Através de uma amostra de 3115 adultos utilizadores de internet, este estudo verificou à semelhança do estudo de Putnam (2002) "Bowling Alone", mas não só, que o tempo despendido nas horas vagas a ver televisão como um dos principais responsáveis pela erosão do capital social comunitário, mas também que o capital social comunitário dos cidadãos adultos cibernautas é afectado negativamente pelo tempo despendido nas horas vagas como forma de entretenimento na Internet. Complementando e confirmando assim a ideia não testada em "Bowling Alone" de Putnam (testou apenas a variável Tv) de que a revolução tecnológica nas comunicações operada pela Internet, pode afectar também negativamente e de forma significativa a formação de capital social e a respectiva participação comunitária (Helliwell & Putnam, 2005).
Muitos estudos também têm mostrado uma associação relevante entre as dimensões anteriormente enunciadas que constituem o capital social comunitário e diferentes
indicadores de auto percepção de saúde e bem-estar (Kim & Kawachi, 2007; Folland, 2007; Poortinga, 2006; Lindstrom & Moheseni, 2008; Veenstra, 2001; Helliwell, 2003; Coleman, 1988; Putnam, 2000).
Simultaneamente, o presente estudo verificou estatisticamente que os sujeitos com maior confiança nos outros, mais participativos e pró-activos nas comunidades, com ligações melhores e mais fortes com a família, amigos, vizinhança e local de trabalho, e com mais tolerância para com a diversidade, apresentam de forma muito significativa maiores níveis de auto-percepção de saúde, bem como de bem-estar.
Dado que o capital social é tipicamente descrito como um atributo das comunidades e organizações e que facilita a cooperação mútua (Coleman, 1988; Putnam, 2000), existe muita literatura que tem demonstrado haver uma associação mais íntima entre as dimensões participação e pró-actividade, e que principalmente níveis mais elevados desta última associam-se fortemente a níveis mais elevados nas restantes dimensões que constituem o capital social comunitário (e.g. Putnam, 2002; Kawachi, 2003; Onyx & Bullen, 2000). O nosso estudo verificou igualmente que maiores níveis de participação e principalmente pró-actividade comunitária estão estatisticamente associadas a maiores ligações à vizinhança, família e amigos, sentindo-se também mais valorizados pela sociedade e apresentam maior tolerância para com a diversidade, em oposição com os indivíduos menos pró-activos.
Por último, à semelhança de Putnam (2002), verificou-se estatisticamente neste estudo que os sujeitos com maior confiança nos outros, mais participativos e pró-activos nas comunidades, com ligações melhores e mais fortes com a família, amigos, vizinhança, e com mais tolerância para com a diversidade, votam significativamente mais e apresentam maior confiança nos políticos.