Autor(es):
Míguez, Laura García
Data: 2004
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/699
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Psicologia educacional; Linguagem escrita; Vygotsky; Educação pré-escolar; Avaliação; Desenvolvimento; Desenvolvimento cognitivo; Educational psychology; Writing; Preschool education; Assessment; Development; Cognitive development
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicologia Educacional Partindo do princípio que a Educação Pré-escolar pode, de facto, contribuir para o sucesso educativo na área da linguagem escrita, na medida em que um dos seus objectivos é promover a emergência da literacia e da alfabetização, consideramos que o papel do educador de infância é de uma enorme responsabilidade, podendo ser a qualidade da sua prática pedagógica determinante na prevenção do insucesso escolar.
O presente estudo é descritivo e tem como objectivo geral: perceber de que forma um grupo de crianças de 3 anos evoluiu, do início para o final do ano lectivo, no que diz respeito à linguagem escrita e analisar, paralelamente, de que forma esta evolução se relaciona com as actividades desenvolvidas em torno da linguagem escrita.
Como objectivos específicos, este estudo tem: a descrição do ambiente educativo em função da linguagem escrita; a descrição das actividades realizadas que facilitam experiências de aprendizagem no domínio da linguagem escrita e a análise dos desempenhos das crianças nas provas realizadas antes e depois das actividades de forma a reflectir sobre a evolução dos seus conhecimentos face à linguagem escrita.
Relativamente ao desempenho das crianças nas provas realizadas tínhamos como hipóteses que existiria uma evolução significativa, do início para o final do ano, do projecto pessoal de leitor/escritor; dos níveis conceptuais da leitura e da escrita; do conhecimento dos termos técnicos utilizados no ensino da leitura/escrita; dos critérios formais que um texto deve possuir para permitir um acto de leitura; do conhecimento de diferentes suportes de escrita, seus conteúdos e funções e do conhecimento de relações entre os suportes de escrita e seus conteúdos.
Os instrumentos de intervenção utilizados foram: a reorganização do ambiente educativo em função da linguagem escrita e as actividades pedagógicas que promoviam esta aprendizagem.
Relativamente às actividades pedagógicas é importante realçar que tinham como base teórica uma perspectiva socioconstrutivista e que a linguagem escrita foi utilizada na sua dimensão discursiva e de forma funcional, significativa e real. Assim, pretendíamos contribuir para o desenvolvimento das concepções das crianças face à funcionalidade, aos aspectos figurativos e aos aspectos conceptuais da linguagem escrita.
Como instrumentos de avaliação utilizámos: uma prova relativa ao projecto pessoal de leitor/escritor; uma prova de escrita; uma prova de linguagem técnica de leitura/escrita; uma prova de critérios formais de leitura de um texto; uma prova de identificação de diferentes suportes de escrita, seus conteúdos e funções e uma prova de leitura e pseudo-leitura de excertos dos suportes de escrita utilizados na prova anterior.
Os resultados obtidos, por um lado, confirmaram todas as nossas hipóteses demonstrando que existiu uma evolução significativa, do início para o final do ano, em todas as provas realizadas e, por outro, parecem indicar uma relação com as actividades desenvolvidas.
Como conclusões e implicações pedagógicas queremos salientar que consideramos três pontos como fundamentais: que o educador possua bases teóricas que sustentem a sua prática pedagógica e lhe permitam reflectir sobre a mesma; que a leitura e a escrita, nas actividades pedagógicas, sejam sempre utilizadas de uma funcional, significativa e real e que as actividades tenham como ponto de partida os interesses das crianças, pois só assim se tornam desafios e, consequentemente, motivantes para elas.