Autor(es):
Frade, Pedro Alexandre Páscoa da Veiga
Data: 2008
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/531
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Psicossomática; Oncologia; Teste de Rorschach; Cuidados paliativos; Depressão; Instrumentos; Psychosomatics; Oncology; Rorschach test; Paliative care; Depression; Instruments
Descrição
Dissertação de mestrado em Psicossomatica Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de seminário de dissertação referente ao Mestrado em Psicossomática sob a orientação do Prof. Doutor Mendes Pedro.
A morte é uma questão que, desde os tempos mais remotos, preocupa o Homem. Este estudo pretende colaborar para a compreensão do modo como o ser humano lida com o estado terminal de vida.
Para tal, estudou-se uma população específica, os doentes oncológicos num estado adiantado da evolução da doença e cuja situação clínica obriga a uma reflexão sobre a mortalidade, tão adiada na sociedade ocidental.
Adoptando o método clínico de estudo de caso foram acompanhados e estudados três casos sob um ponto de vista psicossomático, tendo em atenção aspectos somáticos e relacionais. Para este efeito, utilizaram-se como instrumentos na recolha de dados a entrevista clínica, o teste projectivo de Rorschach e o Inventário Depressivo de Beck.
Os resultados obtidos vão de encontro às hipóteses que foram levantadas a partir da revisão bibliográfica efectuada.
Em primeiro lugar, é de assinalar a presença de algum nível de perturbação mental em todos os casos estudados.
De facto, foram avaliados níveis consideráveis de depressão. Foi também observável, nos três casos, uma profunda angústia e uma dificuldade em expressar e dar forma a emoções e afectos.
Assinala-se também o impasse relacional, sem fuga possível aparente, existente nestes casos.
Apesar dos escassos dados obtidos, a situação específica do primeiro caso apresentado demonstra o forte impacto que a presença de um doente terminal, em situação de contexto domiciliário, pode ter nas famílias, algo previsto na segunda hipótese levantada.
O apoio domiciliário traz consigo uma série de vantagens, entre as quais um maior conforto e uma maior proximidade entre família e doente em situações clínicas, muitas vezes, extremamente complicadas. No entanto, o processo do cuidar acarreta também uma série de mudanças ao nível das relações e das rotinas diárias, para as quais, por vezes, os familiares não estão devidamente preparados, quer física, mental e, até, financeiramente.
Tratando-se de um estudo de caso estes resultados não podem ser, obviamente, generalizados, mas vêm ao encontro da maioria da literatura existente sobre esta temática.
Finalmente, é igualmente feita uma reflexão final acerca da realidade destes doentes e familiares, mas também sobre os cuidados paliativos, nomeadamente em Portugal e, mais especificamente, em contexto domiciliário. São feitas sugestões para estudos futuros e sobre o apoio prestado nestas situações. Destaca-se a importância da constituição de equipas multidisciplinares e do papel do psicólogo, quer no apoio aos doentes, quer a cuidadores e profissionais.