Author(s):
Cunha, Isabel Maria Gonzalez Duarte da
Date: 2006
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.12/473
Origin: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Description
Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica A adolescência é um período do desenvolvimento e de crescimento, durante o qual decorrem importantes transformações na relação entre o Eu e o(s) Outro(s) vividas com grande turbulência, e que impõem um processo criativo e uma relação de ligação e de comunicação entre o interno e o externo, entre o belo exterior e o enigmático interior, entre o conhecido e o ainda desconhecido.
Neste trabalho, ao começarmos por reunir as principais concepções sobre a adolescência, com inscrição na teoria psicanalítica, constatámos que são escassas as referências feitas à dimensão do Outro, pelo que considerámos, importante aprofundar esta dimensão, e constituímos, assim, o Outro como um organizador a ser estudado no processo de desenvolvimento adolescente.
Se as referências ao Outro na literatura sobre a adolescência são quase inexistentes, as suas referências na teoria psicanalítica são abundantes, reportando-nos para as noções de sujeito e de objecto. Procurámos, então, aprofundar estas noções na teoria pulsional, freudiana, na teoria das relações de objecto e nas teorias que se inscrevem nos modelos do pensamento, após o que realizámos uma articulação entre estes modelos teóricos e as concepções teóricas existentes sobre a adolescência. Foram assim constituídas três dimensões relativas ao Outro durante o processo de desenvolvimento adolescente: o Igual, o Diferente e o Complementar.
O objectivo deste estudo foi compreender como é que durante o processo de desenvolvimento adolescente decorre a relação entre o Eu e o Outro, ou seja, entre o sujeito e o objecto, numa articulação entre o mundo interno e o mundo externo, numa procura da igualdade mas também da diferença entre Um(s) e Outro(s), numa lógica onde impera a procura do complementar.
Para podermos aceder ao objectivo a que nos propusemos, utilizámos como instrumento o Rorschach. depois de ter sido explicitado como método de acesso ao sujeito psicológico e ter sido inscrito nos modelos do pensamento, onde pode ser compreendido com o recurso ao modelo transformacional que coloca em lugar de destaque a relação de comunicação, de simbolização, de criação e de expansão, tendo, para tal, sido construída uma grelha de análise. Foi através desta análise aos Rorschach de sujeitos de 13 e de 17 anos, que pudemos compreender de que forma é que decorre a relação entre o Eu e o(s) Outro(s) na Adolescência. Assim, pudemos destacar que, o Outro na condição de Igual, é mais visível nas raparigas no início da adolescência, o que só acontece mais tarde nos rapazes, que o Outro Diferente é mais notório no final da adolescência para ambos os sexos, e que o Outro como Complementar é visível nas raparigas mais novas, mas apresenta uma maior expressão nos adolescentes mais velhos.