Autor(es):
Pereira, Marco
; Canavarro, Maria Cristina
Data: 2007
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.12/117
Origem: Repositório do ISPA - Instituto Universitário
Assunto(s): Gravidez; VIH/SIDA; Contextos de influência; Adaptação; Género
Descrição
Os modelos contextuais e desenvolvimentistas (Belsky, 1984, 1999; Belsky & Jafee, 2006; Bronfenbrenner, 1979; Bronfenbrenner & Morris, 1998) defendem a compreensão do desenvolvimento e comportamentos individuais através de uma leitura ecológica em que o indivíduo é capaz de influenciar e ser influenciado por outros sistemas. Estas abordagens permitem uma compreensão da adaptação à gravidez e ao nascimento de um filho e, em igual medida, facilitam a conceptualização da co-ocorrência e interacção dos contextos de vulnerabilidade de género associados à Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Este estudo tem o objectivo de avaliar os contextos de influência (socio-demográficos; associados com a infecção pelo VIH; e associados com a gravidez/maternidade) na adaptação das mulheres infectadas pelo VIH à gravidez e ao nascimento de um filho. A amostra é constituída por 31 grávidas infectadas pelo VIH. A recolha de dados envolveu a realização de uma entrevista clínica, preenchimento de grelhas médicas e sociais; e instrumentos de auto-resposta para avaliação da adaptação: Perceived Stress Scale (PSS – Cohen et al., 1983); Brief Symptom Inventory (BSI – Derogatis, 1983) e Emotional Reactivity Scale (EAS – Carlsson et al., 1989).
Os resultados do presente estudo mostram que o estado civil, a etnia, a categoria de transmissão e o planeamento da gravidez constituem contextos de influência importantes na adaptação das mulheres grávidas. Em particular, apresentam pior adaptação as mulheres solteiras, de raça negra, infectadas por via sexual e cuja gravidez não foi planeada.
De forma mais específica, os resultados encontrados apontam para a necessidade de ter em conta estes contextos no delinear de programas de intervenção psicológica no contexto da gravidez e infecção pelo VIH/SIDA e, em particular ter em atenção as especificidades culturais e vulnerabilidades diferenciais ao risco de infecção pelo VIH (biológica; psicossocial; comportamental; e relacional).