Autor(es):
Correia, Ana Raquel Pereira
Data: 2012
Origem: Repositório Aberto do Instituto Superior Miguel Torga
Assunto(s): afetividade; défice cognitivo; idosos; envelhecimento
Descrição
Sabe-se que a afetividade se se relaciona com o défice cognitivo e que o défice cognitivo constitui um risco para a demência. A revisão da literatura, no entanto, não responde à questão: os afetos positivos e negativos aumentam/diminuem o risco para o défice cognitivo?
O nosso objetivo é, então, analisar a relação entre afetividade e défice cognitivo e averiguar qual o impacto dos afetos positivos e negativos no défice cognitivo. Dentro deste objetivo, queremos caracterizar a população idosa relativamente à intensidade da afetividade e nível do funcionamento cognitivo; estudar a relação entre afetividade e funções cognitivas, controlando o efeito das variáveis sociodemográficas e emocionais; comparar a afetividade entre os tipos de défice; avaliar a relação entre afetividade e sintomatologia, controlando o efeito do défice; determinar qual o impacto da afetividade no funcionamento cognitivo, controlando as variáveis que tenham revelado associações estatisticamente significativas com a afetividade e com o défice cognitivo.
Como metodologia, inquirimos 588 idosos com uma idade média de 80,82 anos (DP = 6,68) através do Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), do Mini-Mental State Examination (MMSE), do Geriatric Depression Scale (GDS) e do Geriatric Anxiety Inventory (GAI).
Verificámos uma alta prevalência de afeto positivo de alto/muito alto (77,5%), e de afeto negativo baixo/moderado (52,1%) e uma elevada prevalência de défice cognitivo (73,3%). Verificámos também, que quanto maior for défice, menor é o afeto positivo e maior o afeto negativo. Comprovámos que o afeto positivo se se relaciona positiva e significativamente com o MMSE, e negativamente com os sintomas ansiosos e depressivos. Finalmente verificámos que os idosos com menos afeto positivo têm um risco acrescido de ter défice cognitivo. Concluimos que, pela possibilidade que há em reverter o défice cognitivo, se torna importante a criação de condições que favoreçam o bem-estar e qualidade de vida do idoso melhorando a sua afetividade positiva, controlando regularmente o funcionamento cognitivo através de um instrumento de diagnóstico o aparecimento de défice cognitivo.