Autor(es):
Pena, Inês Torres
Data: 2011
Origem: Repositório Aberto do Instituto Superior Miguel Torga
Assunto(s): defeito cognitivo, sintomas depressivos, satisfação com a vida, idosos, envelhecimento
Descrição
Sabe-se que a depressão se relaciona com o declínio e ambos, em conjunto, constituem um risco para a demência. A revisão da literatura, no entanto, não responde à questão: a depressão aumentará o risco para o defeito cognitivo e a satisfação com a vida, por oposição, diminuirá esse risco? Estas questões nunca foram estudadas em Portugal. O nosso objectivo principal é, então, analisar a relação entre sintomas depressivos, satisfação com a vida e defeito cognitivo e averiguar qual o impacto dos sintomas depressivos e da satisfação com a vida no defeito cognitivo. Dentro deste objectivo, queremos estudar a prevalência dos sintomas depressivos e da satisfação; averiguar a diferença nos sintomas depressivos e satisfação entre o grupo com defeito cognitivo e o grupo sem defeito cognitivo e saber quais os factores que contribuem para a relação entre as variáveis. Como metodologia, inquirimos 378 idosos com uma idade média de 80,17 anos (DP = 6,67), subdivididos em dois grupos que incluíram idosos com defeito cognitivo (n = 132) e idosos sem efeito cognitivo (n = 246), através do Mini-Mental State Examination (MMSE), da Geriatric Depression Scale (GDS), e da Satisfaction with Life Scale (SWLS). Verificámos uma baixa prevalência de defeito cognitivo, tal como foi medido pelo MMSE (65,1%), uma elevada prevalência de sintomas depressivos (67,5%). Ainda que não houvesse diferença nas pontuações médias entre os dois grupos, verificámos uma associação entre sintomas depressivos e defeito cognitivo. A escolaridade mostrou ter influência sobre o defeito cognitivo e sobre os sintomas depressivos, tendo os idosos sem instrução pior desempenho no MMSE e pior pontuação no GDS. Comprovámos que os sintomas depressivos se correlacionam negativamente com a satisfação com a vida e com as pontuações do MMSE. A satisfação com a vida não se correlacionou com as pontuações no MMSE. Finalmente, confirmámos que os sintomas depressivos aumentam o risco de sofrer de defeito cognitivo. A satisfação com a vida não tem impacto sobre o defeito cognitivo. Conclui-se que os idosos com sintomas depressivos têm um risco acrescido de ter defeito cognitivo. Pela possibilidade que há em reverter o declínio cognitivo, através do tratamento dos sintomas depressivos, e diminuir a probabilidade de um idoso demenciar, torna-se evidente a importância de diagnosticar a depressão e proceder ao seu tratamento. Para esse efeito, o GDS parece ser um instrumento útil na detecção de sintomas ansiosos e o MMSE um exame de detecção de defeito cognitivo.