Autor(es):
Branco, Alberto Manuel Vara
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.19/403
Origem: Repositório Científico do Instituto Politécnico de Viseu
Assunto(s): Sociedade; Portugal
Descrição
Em 1974 dá-se a Revolução de Abril, que vai dar por findo o Estado Novo,
caduco e esgotado. De repente tudo muda, pois o que era preciso era transformar para
melhor. Contudo, um vazio político imperou até 1975, com um certo reaccionarismo de
esquerda. Como salienta Mattoso (1994), durante meses multiplicaram-se as
manifestações que lançaram nas ruas e nas praças dos principais centros urbanos e
rurais do país, mas muito especialmente em Lisboa e no Porto, centenas de milhares de
pessoas (p. 211), o que evidencia a perturbação política e social que se viveu no país.
Com este panorama político por base, assiste-se a uma transformação repentina e
descoordenada da sociedade portuguesa, cheia de equívocos e conflitos de contornos
imprevisíveis, sem tempo disponível de absorção por parte de quem tem o interesse na
ascensão social. Nas sociedades ditas abertas, o indivíduo possui as mesmas
probabilidades de ocupar a posição social que deseja desde que tenha a aptidão ou a
competência, única restrição à ascensão social. No entanto, a situação de Portugal, com
o poder a cair na rua, com excessos nas limitações aos direitos individuais dos cidadãos,
permitia a perturbação da vida pública. Sublinha-se que neste Portugal em transe, em
transformação, Mattoso (1994) diz que o nosso país é uma república de revolucionários
entre 1974/1975, uma república de políticos entre 1976/1982, uma república de
empresários entre 1982/1990 e uma república de financeiros e jornalistas a partir de
então (p. 277).