Autor(es):
Afonso, Vera Lúcia Filipe
; Silva, Ernestina Maria Veríssimo Batoca, orient.
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.19/1985
Origem: Repositório Científico do Instituto Politécnico de Viseu
Assunto(s): Abuso da criança; Abuso sexual da criança; Direitos da criança; Factores de risco; Família; Jurisprudência; Papel do enfermeiro; Portugal; Prestadores de cuidados; Síndrome do bebé sacudido; Síndrome de Munchausen causada por terceiro; Caregivers; Child abuse; Child abuse, sexual; Child advocacy; Family; Law; Munchausen syndrome by proxy; Nurse's role; Risk factors; Shaken baby syndrome
Descrição
Introdução: Os maus tratos à criança e jovem são um problema muito frequente nos
nossos dias, e envolvem para além da agressão física, a negligência, agressão psicológica
ou abuso sexual. Em Portugal, a partir de 1980 começou-se a dar especial atenção a este
tema através de uma abordagem multidisciplinar, em que o enfermeiro dos cuidados de
saúde primários tem um papel importante na promoção e proteção, mas também na deteção
e encaminhamento das crianças.
Objetivos: Pretendemos identificar os conhecimentos dos enfermeiros de cuidados
de saúde primários sobre sinais e sintomas de suspeita de maus tratos na criança;
determinar a influência das variáveis sociodemográficas (idade, sexo e existência de filhos)
e socioprofissionais (formação específica na área e tempo de serviço) nos conhecimentos
dos enfermeiros sobre essa matéria e ainda verificar a influência da experiência de
atendimento de crianças vítimas, nos conhecimentos sobre os sinais e sintomas de suspeita
de maus tratos na criança.
Metodologia: Estudo quantitativo, exploratório e descritivo, com utilização de um
questionário, que teve por base o Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção de
Maus Tratos Infantis. A amostra foi constituída por 61 enfermeiros do ACES Baixo Vouga. O
questionário foi aplicado em Março e Abril de 2013.
Os resultados obtidos revelaram-nos que a maioria não tem formação específica na
área de maus tratos (88,5%) e 93,3% referiram sentir necessidade dessa formação
específica. A maioria referiu sentir-se com à vontade para detetar e comunicar casos de
abandono (66,7%), negligência (63,3%) e mau trato físico (59,0%), mas por outro lado
pouca capacidade para detetar situações de maus tratos psicológico/emocional (44,3%) e
de abusos sexuais (37,7%). Os enfermeiros que fizeram formação específica em maus
tratos infantis apresentaram um melhor nível de conhecimentos sobre a deteção e
encaminhamento destas situações (p=0,036). Apresentaram também conhecimentos
superiores os enfermeiros que tiveram experiência de atendimento de crianças vítimas de
maus tratos (p=0,003).
Conclusão: Verificamos pelos resultados que embora os enfermeiros de cuidados
de saúde primários se sintam bastante à vontade para encaminhar situações de maus tratos
infantis, referem sentir falta de formação na área dos maus tratos e também na
comunicação/relacionamentos interpessoais e forma de abordagem destes problemas com
a criança/família. Entendemos que deve ser feito um investimento na formação destes
profissionais na área dos maus tratos infantis. Os resultados obtidos revelaram-nos que a
maior parte da amostra se sente à vontade para comunicar casos de violência relacionadas
com mau trato físico (59,0%), Envenenamento recorrente (41,0%), Negligência (63,3%),
Abandono afetivo (63,9%), Abandono (65,6%) e Disfuncionalidade parental/familiar (47,5%),
sentindo-se pouco à vontade para referenciar Maus tratos psicológicos ou emocionais
(45,9%), Abuso Sexual (41,0%) e na Atribuição de doença que não existe (45,8%).
PALAVRAS CHAVE
Crianças; Maus tratos; Enfermeiros; Conhecimentos. ABSTRACT
Introduction: child maltreatment and youth is a very common problem nowadays,
and beyond involve physical aggression, neglect, psychological abuse, or sexual abuse. In
Portugal, from 1980 began to pay special attention to this issue through a multidisciplinary
approach, in which the nurse of primary health care has an important role in the promotion
and protection, but also in the detection and referral of children.
Objectives: We aim to identify the knowledge of nurses in primary health care for
about signs and symptoms of suspected abuse in children and to determine the influence of
sociodemographic variables (age, gender and presence of children) and socio-occupational
(specific training in the area and time service) in the knowledge of nurses on this matter and
also check the influence of the experience of children victims in knowledge about the signs
and symptoms of suspected child maltreatment.
Methodology: A quantitative, exploratory and descriptive, using a questionnaire,
which was based on the Practical Guide Approach, Diagnosis and Intervention of Child
Maltreatment. The sample consisted of 61 nurses ACES Baixo Vouga. The questionnaire
was administered in March and April 2013.
The results showed us that most do not have specific training in the area of abuse
(88,5%) and 93,3% reported feeling this need specific training. Most reported feeling
comfortable with to detect and report cases of neglect (66,7%), neglect (63,3%) and physical
mistreatment (59,0%), but otherwise little ability to detect situations abuse, psychological /
emotional (44,3%) and sexual abuse (37,7%). Nurses who have specific training in child
maltreatment showed a higher level of knowledge about the detection and referral of these
cases (p = 0.036). Also showed superior knowledge nurses who had experience of children
victims of abuse (p = 0.003).
Conclusion: We found that although the results of nurses primary health care feel
quite comfortable making situations of child abuse, refer to miss training on abuse and also
in communication / interpersonal relationships and how to approach these problems with the
child / family. We believe that there should be an investment in the training of health
professionals in the area of child maltreatment. The results showed us that the majority of the
sample feel free to report cases of violence related to physical mistreatment (59,0%),
recurrent poisoning (41,0%), neglect (63,3%), emotional distance (63,9%), abandonment
(65,6%) and Dysfunctionality parental / family (47,5%), feeling uncomfortable to reference
mistreatment psychological or emotional (45,9%), Sexual Abuse (41,0%) and the assignment
does not exist disease (45,8%).
KEY WORDS
Child; Maltreatment; Nurses; Knowledge.