Author(s):
Valente, A.
; Albuquerque, T.G.
; Carvalho, A.
; Costa, H.S.
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.18/431
Origin: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Subject(s): Nutrição Aplicada
Description
No âmbito do protocolo de colaboração estabelecido entre o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P. e o Instituto Ciências da Saúde Dr. Victor Sá Machado da República Democrática de São Tomé e Príncipe, foi realizado um projecto de investigação aplicada, que visa um estudo epidemiológico nutricional de avaliação da eficácia da suplementação de vitamina A em crianças da República Democrática de São Tomé e Príncipe Introdução: A República Democrática de São Tomé e Príncipe é um país subdesenvolvido com indicadores de saúde preocupantes no que se refere à taxa de mortalidade infantil, especialmente em crianças de idades pré-escolares. Segundo os dados da United Nations Children's Fund (UNICEF), em 2009 a taxa de mortalidade foi ainda de 37,1%, sendo a malnutrição uma das principais causas de morte infantil, neste País. A deficiência de vitamina A é uma das carências nutricionais mais prevalentes no Mundo subdesenvolvido, apresentando-se como um problema de Saúde Pública em mais de 70 países. De acordo com os critérios da World Health Organization e da UNICEF, a deficiência em vitamina A é considerado um grave problema de Saúde Pública, quando a prevalência de hipovitaminose A (<0,70 μmol/L ou 200 μg/L) é igual ou maior a 20%.
Objectivos: Este trabalho teve como objectivo dosear e avaliar os níveis séricos de retinol em crianças da República Democrática de São Tomé e Príncipe antes e após um período de suplementação.
Métodos: A população em estudo é constituída por 212 crianças com idades compreendidas entre o 1 e os 5 anos, de dois (Água Grande e Mé-Zochi) dos sete distritos administrativos da República Democrática de São Tomé e Príncipe. Os níveis séricos de retinol nos participantes do estudo foram determinados por cromatografia líquida de elevada resolução.
Resultados: Os resultados obtidos indicam que no período de pré-suplementação cerca de 37% das crianças participantes no estudo tinham hipovitaminose A severa (retinol sérico: <100 μg/L), e no período pós-suplementação esse valor passou para 2%. Verificou-se também uma redução na percentagem de participantes com hipovitaminose A moderada (retinol sérico: 100-200 μg/L), que passou de 59% para cerca de 15%. A percentagem de crianças que inicialmente tinham valores séricos de retinol normais (≥200 μg/L) era de 4,4% e após o período de suplementação, essa percentagem passou para 83,5%, o que significa um aumento de cerca de 79%. Em termos globais, cerca de 16,5% das crianças continuam a ter hipovitaminose A e 83,5% passaram a ter níveis normais de retinol sérico, dos quais 29,7% têm entre 200-300 μg/L, 31,1% entre 300-400 μg/L e em 22,7% dos casos os valores séricos de retinol são superiores a 400 μg/L.
Conclusões: A eficácia da suplementação com vitamina A nas crianças da República Democrática de São Tomé e Príncipe foi comprovada pela redução da prevalência de hipovitaminose A em cerca de 79,1%.