Autor(es):
Paixão, Eleonora
; Branco, Maria João
; Contreiras, Teresa
Data: 2006
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/283
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): Estados de Saúde e de Doença; Sono; Determinantes da Saúde e da Doença
Descrição
O ONSA com o presente trabalho pretendeu contribuir para o conhecimento da evolução dos hábitos do sono e da prevalência das respectivas perturbações, na população de 18 e mais anos, do Continente.
O estudo, descritivo transversal, globalmente, constou de dois inquéritos realizados por entrevista telefónica, em1999 e em 2004, a um elemento de 18 e mais anos, residente nas unidades de alojamento (UA) que integram o painel ECOS. Tratou-se de uma amostra aleatória que, em 1999, constou de 1171 unidades de alojamento (UA) e, em 2004, de 1211 UA, com telefone fixo, estratificada por Região de Saúde do Continente, com alocação homogénea.
As variáveis colhidas contemplaram sexo, idade, nível de instrução, ocupação e Região de Saúde de residência, hábitos de sono, ocorrência de perturbações do sono, ocorrência de sequelas de sono não reparador e utilização de medicação “para dormir.
Obtiveram-se 861 questionários válidos em 1999 e 975, em 2004.
Relativamente aos principais resultados, poder-se-á concluir:
A maioria dos respondentes, em ambos os inquéritos, referiu dormir, habitualmente, seis ou mais horas de sono nocturno em dias de semana (87%,em 1999 e 85%, em 2004);
A maioria dos inquiridos não tinha o hábito da sesta (82%, em 1999 e 86%, em 2004);
A dificuldade em adormecer (frequentemente ou sempre) foi referida, respectivamente por 19% dos respondentes, em 1999 e em 2004;
As percentagens de indivíduos que referiram acordarem durante a noite mais de uma vez por semana foram 45%, em 1999 e 71%, em 2004;
As sequelas de um sono não reparador traduzidas pelas queixas de cansaço ao acordar e sonolência diurna verificaram-se: cansaço ao acordar, em 15% dos inquiridos, em 1999 e 16%, em 2004 e sonolência diurna, em 14%, em 1999 e 12%, em 2004;
A medicação “para dormir” permanente ou frequente foi referida por 11% dos respondentes, em 1999 e 14%, em 2004.
As mulheres apresentaram sempre os indicadores mais desfavoráveis. Genericamente todos os indicadores revelaram uma tendência crescente com a idade e decrescente com o nível de instrução. Verificou-se uma evolução desfavorável em, praticamente todas as variáveis estudadas, ainda que as diferenças entre os dois inquéritos não tenham sido estatisticamente significativas, à excepção da prática de medicação.
Os resultados, inferidos para a população portuguesa, devem merecer uma interpretação cautelosa. Apesar das limitações metodológicas e da eventual imprecisão de alguns valores, estes resultados podem constituir valores de referência na fundamentação de programas de prevenção/intervenção.