Author(s):
Branco, Maria João
; Nunes, Baltazar
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.18/209
Origin: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Subject(s): Epidemiologia; Doenças Evitáveis pela Vacinação; Gripe; Vacinação; Determinantes da Saúde e da Doença
Description
Introdução:
Dando continuidade ao trabalho desenvolvido desde a época de 1998-1999, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, através do Departamento de Epidemiologia, estudou a cobertura da vacinação anti-gripal na época de 2010-2011.
Objectivo: i) Estimar a cobertura vacinal contra a gripe sazonal (VAGS) na época gripal de 2010-2011, na população do Continente; ii) Caracterizar a prática da VAGS, relativamente a alguns factores, nomeadamente, iniciativa de vacinação, local de vacinação, calendário de vacinação, atitude face à vacina;
Metodologia: O estudo, descritivo transversal, constou de um inquérito realizado por entrevista telefónica à amostra de famílias ECOS, em Fevereiro 2011. Esta amostra é aleatória e constituída por 1074 Unidades de Alojamento (UAs), contactáveis por telefone fixo e móvel, estratificada por Região NUT II do Continente, com alocação homogénea. Estas unidades de alojamento representaram 3208 indivíduos. Em cada agregado, foi inquirido apenas um elemento com 18 ou mais anos que prestou informação sobre si próprio e sobre os restantes elementos do agregado. A recolha de dados foi feita através da aplicação de um questionário de 12 perguntas. As variáveis colhidas contemplaram a caracterização dos inquiridos, nomeadamente, no que diz respeito à i) VAGS na época 2010-2011: iniciativa, mês de vacinação, local, motivos para não vacinação, percepção dos não vacinados face à vacina; ii) morbilidade por “gripe”: auto-declarada, sintomas e sinais, confirmação laboratorial As questões referentes à cobertura da VAGS foram semelhantes às utilizadas nos questionários aplicados nas épocas anteriores, afim de se poder comparar resultados.
Resultados: Obtiveram-se 903 questionários válidos, o que corresponde a uma taxa de resposta de 84,1%. Através dos respondentes, um por alojamento, obtiveram-se dados sobre 2710 indivíduos residentes naquelas UA, correspondendo a 84,5% do total de indivíduos existentes nas UA da amostra.
A cobertura da VAGS na época de 2010-2011atingiu o valor de 17,5% (IC95%: 15,1%; 20,3%). A cobertura nos grupos de risco foi: 48,3% (IC95%: 40,9%-55,7%), nos indivíduos de 65 anos; 28,8% (IC95%: 24,8%-33,2%), nos portadores de pelo menos uma doença crónica. A vacinação antigripal sazonal ocorreu, quase totalmente, até final de Novembro: (95,9%: IC95%: 89,7%-98,5%); fundamentalmente, por indicação do Médico de Família: 67,7% (IC95%: 59,6%-74,9%); para se vacinarem utilizam essencialmente a farmácia: 42,4% (IC95%: 31,9%-53,5%), seguida do Centro de Saúde: 25,8% (IC95%: 17,5%-36,2%). O principal conjunto de razões invocadas para a recusa da vacinação sazonal relaciona-se com mecanismos de desvalorização/negação da importância da doença: 52,8% (IC95%: 47,8%-57,8%).
Discussão/conclusões: Afigura-se importante continuar a promover uma maior cobertura com a vacina antigripal dos indivíduos com 65 anos e mais (Portugal assumiu a meta de 75% de cobertura da população idosa e de risco de complicações, para a época 2014-15), assim como no grupo de indivíduos portadores de alguma doença crónica para a qual se recomenda a vacinação.