Autor(es):
Braz, Paula
; Machado, Ausenda
; Dias, Carlos Matias
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/1258
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): RENAC; Anomalias Congénitas e Idade materna; Estados de Saúde e de Doença
Descrição
Introdução
A idade materna é um reconhecido fator de risco para a mortalidade e morbilidade fetais. O risco de ter um filho com uma anomalia cromossómica, nomeadamente trissomia 21, é maior entre as grávidas com mais de 35 anos. Já as grávidas adolescentes têm baixo risco de trissomias mas um maior risco de anomalias não cromossómicas, designadamente defeitos do encerramento da parede abdominal. Nos últimos anos, a idade materna à data do parto tem vindo a aumentar em Portugal como noutros países europeus. Este estudo tem como objectivo analisar a prevalência de Anomalias Congénitas (AC) de acordo com a idade materna em Portugal, entre 2002 e 2010.
Material e métodos
Analisaram-se os dados do Registo Nacional de Anomalias Congénitas (RENAC), registo de base populacional que visa a vigilância epidemiológica e a investigação das AC em Portugal. Os médicos especialistas registam AC diagnosticadas em recém-nascidos (até ao final do período neonatal), fetos mortos e interrupções médicas de gravidez. As AC são posteriormente codificadas de acordo com o capitulo Q da 10ª versão da Classificação Internacional de Doenças e causas de morte. Os dados do número de partos foram fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística.
Resultados
Entre 2002 e 2010, a percentagem de gravidas entre 15-19 anos de idade diminuiu de 5,8% para 4,8%, enquanto a percentagem de grávidas com idade superior a 35 anos aumentou de 14,4% para 20,5%. A distribuição da prevalência de AC registadas no mesmo período, por idade da mãe, revela um aumento moderado após os 35-39 anos (185,0/10000), mais acentuado após os 40 anos de idade (266,4/10000). As AC do Aparelho Cardiovascular revelam prevalências mais elevadas após os 35-39 anos, mas a maior variação verificou-se para as Anomalias Cromossómicas, cuja prevalência aumenta no grupo 35-39 anos (23,4/10000), e mais expressivamente após os 40 anos de idade. (70,4/10000). Nas grávidas jovens a prevalência de Gastrosquisis é mais elevada comparativamente com outras idades maternas (4,5/10000 nas grávidas com idade inferior a 20 anos e 0,3/10000 nas com mais de 40 anos).
Conclusões
Verificou-se uma tendência de aumento da frequência de AC, em especial cromossómicas, com a idade materna, à semelhança de outros países. A disseminação desta informação é relevante para o planeamento dos cuidados de saúde reprodutiva e, em especial, para as mulheres e casais em idade fértil de modo a reconhecerem este factor de risco e o papel do diagnóstico pré-natal na vigilância da gravidez e na prevenção destas anomalias congénitas.