Autor(es):
Gonçalves, Paulo
; Pechirra, Pedro
; Conde, Patrícia
; João, Inês
; Guiomar, Raquel
; Nunes, Baltazar
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.18/1183
Origem: Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde
Assunto(s): Infecções Respiratórias; Gripe; Influenza; Vigilância Epidemiológica; Médicos-Sentinela; Serviços de Urgência; Síndroma Gripal; Época 2011/2012; Estados de Saúde e de Doença; Saúde Pública; Portugal
Descrição
O Programa Nacional de Vigilância da Gripe tem como objectivo a recolha, análise e disseminação da informação sobre a atividade gripal, identificando e caracterizando de forma precoce os vírus da gripe em circulação em cada época bem como a identificação de vírus emergentes com potencial pandémico e que constituam um risco para a saúde pública, procurando contribuir, desta forma, para a diminuição da morbilidade e mortalidade associada à infecção e suas complicações. As informações resultantes da vigilância permitem ainda a orientação de medidas de prevenção e controlo da doença de forma precisa.
Com a elaboração deste relatório pretende-se proceder à descrição e divulgação dos resultados obtidos na época de inverno de 2011/2012, efectuando uma síntese da atividade gripal em Portugal durante esta época.
Na época 2011/2012 foram notificados um total de 962 casos de SG. A atividade gripal foi considerada alta / moderada e o maior número de notificações foi observado entre final de Janeiro e a primeira quinzena de Março, com um pico de ocorrência na semana 9/2012. As taxas de incidência semanais do SG mantiveram-se acima da área de atividade basal durante 9 semanas consecutivas, entre as semanas 4/2012 e 12/2012, com um valor máximo de 137,71 casos de SG por 100 000 habitantes na semana 10/2012. Mais de metade das notificações tiveram origem em indivíduos do género feminino. O grupo etário mais representado foi o correspondente à população jovem/adulta com idades compreendidas entre os 15 e os 44 anos, embora a distribuição semanal das taxas de incidência revele uma maior incidência da doença no grupo etário correspondente às crianças em idade escolar dos 0-4 anos e maiores de 65 anos. O início súbito e o mal-estar, debilidade ou prostração foram os sintomas/sinais mais frequentes. A vacina antigripal foi administrada a 20,7% dos casos notificados, com a maior proporção de casos vacinados a ser observada no grupo etário dos idosos (≥65 anos).
A análise laboratorial a 678 exsudados da nasofaringe revelou a presença de vírus influenza em 39,2% dos exsudados. Dos 266 vírus influenza identificados, 97,7% pertenciam ao subtipo A(H3) e 2,3% pertenciam à linhagem Yamagata dos vírus influenza do tipo B. Os vírus dos subtipos A(H1)pdm09 e A(H1) sazonal não foram identificados nos casos estudados. Os vírus influenza A(H3), predominantes na época 2011/2012 foram detetados entre a semana 51/2011 e 18/2012.
A maior percentagem de casos de gripe foi verificada nas crianças com idade compreendida entre os 5 e os 14 anos.
A análise antigénica e genética realizada revelou que, na sua maioria, os vírus identificados foram semelhantes às estirpes que constituíram a vacina antigripal desta época. As estirpes de vírus influenza estudadas são susceptíveis aos inibidores da neuraminidase e resistentes aos adamantanos.
O diagnóstico diferencial de vírus respiratórios detetou a presença em maior frequência de Rhinovírus humano, seguido de Vírus Sincicial Respiratório e vírus Parainfluenza.