Descrição
Introdução: A mortalidade e morbilidade do
enfarte agudo do miocárdio (EAM) de
localização inferior são determinados, entre
outros factores, pela artéria responsável pelo enfarte (ARE). Têm sido propostos diversos critérios electrocardiográficos para identificar a coronária direita (CD) e a circunflexa como ARE. Recentemente, foi
proposto um novo critério para identificação
da circunflexa (infradesnivelamento do
segmento ST em aVR). Foi objectivo deste
trabalho avaliar os critérios electrocardiográficos clássicos e o novo
critério (aVR) na discriminação da ARE em
doentes com EAM inferior.
Métodos: Foram incluídos os doentes com
EAM inferior submetidos a angioplastia
primária, sendo avaliado o ECG na admissão
na sala de hemodinâmica. Foram excluídos
os doentes com antecedentes de enfarte e
com perturbações da condução intraventricular. A artéria com a lesão mais
grave foi considerada a ARE. Foram
avaliados os seguintes critérios
electrocardiográficos: Infradesnivelamento do segmento ST (Infra ST) em DI,
supradesnivelamento do ST (Supra ST) em
V1 e V2, Supra ST em DIII > DII, relação
Infra ST V3/Supra ST DIII > 1,2 (critérios
«clássicos») e Infra ST em aVR. Os
desnivelamentos do segmento ST foram
medidos 0,06 s após o ponto J.
Resultados: Foram incluídos 53 doentes
(idade média 59.1 ± 13.9 anos, 38 homens).
A CD foi a ARE em 38 doentes e a Circunflexa em 15. Os dois grupos não
apresentavam diferenças em termos de
idade, sexo, número de vasos doentes, fluxo
TIMI inicial e tempo dor-balão. Os critérios
«Infra ST em D1», «Supra ST DIII > DII»,
«relação Infra ST V3/Supra ST DIII > 1,2» e
«Infra ST V1 e V2» discriminaram a artéria
relacionada com o enfarte. O novo critério
«Infra ST aVR» identificou a ARE num
número reduzido de casos (sensibilidade
33%, especificidade 71 %), sem significado
estatístico.
Conclusões: Os quatro critérios «clássicos»
ajudaram a descriminar a ARE em doentes
com EAM inferior, mas o mesmo não se
verificou para o novo critério recentemente
proposto (infra ST em aVR).