Autor(es):
Silva, Armando Manuel Marques
; Brito, Irma da Silva
; Amado, João Costa
Data: 2014
Origem: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Assunto(s): Estilos de Vida;
Descrição
Introdução: O estilo de vida tem sido consensualmente percepcionado como relevante para a saúde e tem-se salientado a importância de fomentar padrões de comportamento individual mais favoráveis para prevenir doenças e promover a saúde (1).
Objectivo: Conhecer os estilos de vida dos jovens, escolarizados é condição necessária para conceber estratégias preventivas.
Material e Métodos: Estudámos uma amostra de estudantes do ensino superior português com o objectivo de analisar a relação entre a área de formação académica e algumas dimensões relacionadas com a saúde: estilo de vida e IMC. Realizámos um estudo epidemiológico, aplicando o questionário "Estilo de vida Fantástico" versão portuguesa (2) e o auto relato do peso e altura para o cálculo do IMC, com recolha de dados por via on-line.
Resultados: A amostra global foi 4314 estudantes, sendo constituídas 8 subamostras de acordo com as áreas de educação e formação, com 142, 394, 1021, 565, 890, 108, 939 e 255 estudantes respectivamente. Em relação ao estilo de vida 0.2% necessitam melhorar, 14.5% têm um estilo de vida regular, 29.4% bom, 48.0% muito bom e 7,9%.excelente. Para um máximo de 120 pontos, a média global do estilo de vida foi de 86.11±12.38, sendo a menor média no grupo de estudantes de Artes e humanidades (84.17±13.37) e a maior média no grupo de estudantes de Educação (88.11±13.90). Existem diferenças significativas da média do estilo de vida em relação ao género (masculino 85.40 ±12.79; feminino 86.40 ± 12.20; p=0.016). Quanto ao IMC os resultados globais foram de média 22.52±3.39; sendo a menor média no grupo da Educação (22.01±3.26) e a maior média no grupo de Agricultura (23.20±3.82). Do total da amostra 15.3% apresentaram pré-obesidade e 3.2% obesidade. Existem diferenças significativas da média do IMC em relação ao género (masculino 23.51±3.28; feminino 22.10±3.35; p=0.000). Quanto aos grupos de formação e o IMC encontramos diferenças significativas entre os seguintes grupos (Engenharias, industrias transformadoras e construção e os grupos: Ciências, matemática e informática p=0.014 e o grupo da Saúde e protecção social p=0.001). Quanto aos grupos de formação e o estilo de vida encontrámos diferenças significativas entre os seguintes grupos (Artes e humanidades e os grupos: Educação p=0.025, Ciências, matemática e informática p=0.014, Saúde e protecção social p=0.000).
Discussão: Podemos afirmar que são os estudantes do grupo da Educação e Saúde e protecção social que apresentam de uma forma geral melhores estilos de vida e melhor IMC. Esta evidência pode, dever-se ao facto dos estudantes dos cursos relacionados com a saúde e educação, receberem durante o período de duração do curso formação científica, especificamente direccionada para a vertente da promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis. Este estudo alerta para o papel das instituições de ensino superior, desenvolverem programas destinados a facilitar e promover nestes jovens escolhas pessoais relacionadas com comportamentos de saúde que, por um lado facilitem a adopção de estilos de vida saudáveis e por outro lado promovam estes comportamentos e estilos de vida saudáveis como um factor de prestígio na relação destes jovens com o seu mundo social.