Autor(es):
Cruzeiro, Clarinda Maria P. Ferreira Silva da Rocha
; Veríssimo, Cristina Maria Figueira
Data: 2013
Origem: Repositório Científico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Assunto(s): Auto-perceção; Saúde; Género; Países mediterrânicos UE.;
Descrição
Introdução: A auto-perceção do estado de saúde, indicador subjetivo, complementa indicadores mais objetivos como a mortalidade e morbilidade. Ao sexo, como variável observável, associa-se o género como fator explicativo das diferenças entre homens e mulheres quando autoavaliam o estado de saúde (Vintém, 2008). Portugal, Grécia, Espanha, Itália e de uma forma menos notória a França, estão a atravessar uma crise financeira, económica e social. Esta crise afeta a saúde e a forma como esta é percecionada por homens e mulheres.
Objetivos: Analisar como é percecionado o estado de saúde nos países mediterrânicos da União Europeia e a sua relação com o género; Comparar a evolução da auto-perceção de saúde segundo o género nos anos 2007 e 2011, nos países mediterrânicos da União Europeia.
Metodologia: Estudo descritivo, tendo como fonte de informação a base de dados do Eurostat, do Health status: indicadors (EU- SILC health questions - EHLEIS country), comparação dos anos 2007 e 2011, segundo a auto-perceção e o género nos países supracitados. Os dados deste inquérito são recolhidos através de questionário por entrevista direta, numa amostra probabilística maior ou igual a 16 anos, por sexo e representativa da população. A auto-perceção do estado de saúde é avaliada tendo como alternativas de resposta: "Muito Bom", "Bom", " Razoável", "Mau" e "Muito Mau".
Resultados: Portugal distancia-se dos outros países em qualquer das qualificações, com uma auto-perceção do estado de saúde positiva (Muito Bom/Bom), com valores mais baixos para homens (54,2% e 58,3%) e mulheres (48,6% e 50,5%), anos 2007/2011, respetivamente. A qualificação Razoável apresenta um valor muito mais elevado para homens (33,4% e 29,6%) e para mulheres (36,6% e 34,3%). Uma percentagem apreciável da população portuguesa, seguida da italiana, perceciona o seu estado de saúde como Mau/Muito mau. Ao compararmos os cinco países identificam-se diferenças, em que a Grécia se evidencia com um valor bastante elevado na categoria Muito Bom e nos restantes países sobressai, maioritariamente, a categoria Bom. Analisando as respostas em cada um dos grupos (homens e mulheres) e considerando a análise temporal, verifica-se entre os homens um aumento, nalguns casos ligeiros, da consideração do estado de saúde como Mau/Muito mau, com exceção de Portugal e Espanha. Contudo, as mulheres, em todos os países, tendem a apresentar uma apreciação menos positiva da sua saúde.
Conclusões: Os dados revelam como é percecionado o estado de saúde e a sua relação com o género, verificando-se a sua importância enquanto fator distintivo. Em todos os países existe uma qualificação mais positiva da auto-perceção da saúde, no entanto, as mulheres percecionam uma saúde menos positiva, contrariamente aos homens. Salienta-se o facto de Portugal apresentar os valores mais baixos relativamente à auto-perceção positiva do estado de saúde, para homens e mulheres. As diferenças entre países, nomeadamente os percursos históricos das populações, as políticas sociais/económicas e os sistemas de saúde, podem contribuir, no presente e futuro, para alterar estes resultados.