Autor(es):
Álvares, S.
Data: 2004
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.16/548
Origem: Repositório Científico do Centro Hospitalar do Porto
Assunto(s): telemedicina; avaliação económica; limitações metodológicas; telemedicine; economic evaluation; methodological limitations
Descrição
O presente trabalho tem como
objectivos abordar a avaliação económica
em saúde na área da telemedicina,
com realce para os principais problemas
metodológicos e apresentar uma pesquisa
bibliográfica relativa a estudos de
avaliação económica em telemedicina.
São apresentados de um modo
sucinto os vários métodos de avaliação
económica utilizados na análise dos
programas de telemedicina e as suas
limitações. A pesquisa computadorizada
em varias bases de dados na área da
avaliação económica de telemedicina
revela que são muitos os estudos que
avaliam a satisfação dos utentes e dos
profissionais mas são poucos os trabalhos
de avaliação económica metodologicamente
correctos.
As vantagens de um programa de
telemedicina dependem do tipo de programa,
dos custos da sua implementação,
do volume de doentes e de factores
geográficos. Até à data não há provas
concludentes e irrefutáveis de que a
telemedicina poupe recursos, sendo
necessária a realização de estudos mais
abrangentes e com uma metodologia
rigorosa. décadas na maioria dos países, os gastos
com a saúde continuam a aumentar,
mantém-se assimetrias regionais marcadas
na distribuição dos cuidados de
saúde, dificuldades no acesso e iniquidade.
A telemedicina facilita o acesso,
permite o uso mais efectivo de recursos,
através da centralização de especialistas
e da descentralização da assistência,
ultrapassando as barreiras da distância
e tempo. A tecnologia é uma das causas
major do aumento das despesas da
saúde. Contudo a telemedicina, potencialmente,
comporta-se de um modo
diferente, já que permite o diagnóstico e
tratamento dos doentes na sua comunidade,
reduzindo, por um lado, as despesas
de transporte e, por outro, os
custos dos cuidados, uma vez que o
tratamento nos centros terciários é mais
caro. A informação electrónica permite
uma racionalização dos custos e a desnecessária
replicação de exames, melhorando
a eficiência. 1-5.
A telemedicina é hoje reconhecida
como um instrumento poderoso na prossecução
do objectivo de melhoria da
prestação de cuidados de saúde, seja
aproximando-os do cidadão em termos
de acessibilidade, de adequação, de
extensão de cobertura, etc., seja como
indutor da revisão e modernização dos
processos e métodos de trabalho e,
portanto, da mudança organizacional
desejada. A diminuição das listas de
espera, a redução da ansiedade e dos
incómodos para os doentes - bem como
o ganho em rapidez e a poupança em
transportes - são algumas das razões
porque se considera que se deve investir
na Telemedicina. Contudo, é ainda
controverso se consegue reduzir custos.
A problemática actual da política de
saúde decorre da existência de necessidades
ilimitadas e de recursos limitados.
Também é conhecido que nem todos os
consumos que se realizam correspondem
a necessidades efectivas. Os
vários Governos tem procurado melhorar
a relação custo eficiência da prestação
mas é fundamental a definição de
prioridades em saúde. A sociedade tem
que fazer as suas escolhas sobre os
cuidados que deverão ser disponibilizados
a todos os cidadãos, independentemente
da sua capacidade para
pagar. Os sistemas de saúde europeus
sempre se confrontaram com a necessidade
de escolhas sobre a afectação de
recursos limitados. No momento actual
a questão centraliza-se na passagem de
escolhas implícitas feitas pelos profissionais
individualmente para escolhas
explícitas feitas a nível da decisão política.
Este novo contexto abrange necessariamente
um amplo debate público,
cabendo aos profissionais a defesa dos
princípios éticos que devem nortear a
prática da Medicina 6.
Para o estabelecimento de prioridades
é necessário um processo que
envolva o governo, os prestadores, a
comunidade e os doentes, e tenha em
conta as necessidades em saúde e o
custo-efectividade das intervenções
disponíveis. Parece fundamental reconhecer-
se a existência de critérios, que
devem guiar a política de distribuição de
recursos à luz de uma visão consensual
de justiça distributiva. A equidade no
acesso, a solidariedade do financiamento
e a eficiência da gestão parecem evidenciar-
se como critérios estruturantes desta
política 7-9.
Nesta mesma linha de actuação
insere-se a avaliação económica de
novas tecnologias e formas de tratamento
para evitar o desperdício e intervenções
de eficácia não comprovada. A telemedicina é um exemplo de
como as novas tecnologias podem
oferecer novos serviços terapêuticos e
diagnósticos ou oferecer serviços existentes
de um modo mais conveniente
para o utente ou médico, tendo ainda a
vantagem de os oferecer a um custo
menor. O presente trabalho tem como
objectivos abordar a avaliação económica
em saúde, particularmente na área
da telemedicina, com realce para os
principais problemas metodológicos e
apresentar uma pesquisa bibliográfica
relativa a estudos de avaliação económica
em telemedicina. The aim of this paper is to present
aspects of the economic evaluation of
Telemedicine and the limitations of these
methods as well as a review of telemedicine
studies focusing economic assessment.
A brief review on the methods of
economic evaluation of telemedicine and
difficulties is presented. The literature
review reveals that most studies on
telemedicine focus customer or professional
satisfaction but the studies on
economic evaluation are scarce and have
methodological limitations.
The benefits of a telemedicine program
depend on its type, cost structure,
patient volume and geographic factors.
Till now there are no concluding proofs
that telemedicine is cost saving. Further
evaluation is needed, through studies
applying a rigorous methodology