Autor(es):
Marques, F.
; Silva, I.
; Branco, C.
; Paiva, M.
; Cunha, F.
Data: 2013
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.16/1486
Origem: Repositório Científico do Centro Hospitalar do Porto
Assunto(s): Complicações; criança; mastoidite aguda; OMA; Acute mastoiditis; child; complications; AOM
Descrição
RESUMO
Introdução: A mastoidite aguda (MA) é a complicação mais frequente da otite média aguda (OMA). A antibioticoterapia (AB)
e a melhoria dos cuidados de saúde diminuíram drasticamente a sua incidência. Porém, na última década assistiu-se ao recrudescimento
da doença.
Objetivos: Avaliar características sociodemográficas, clínicas,
laboratoriais e terapêuticas da MA e identificar fatores de risco
para complicações na população pediátrica num hospital de
nível II; elaboração de uma proposta de protocolo de atuação.
Material e Métodos: Revisão casuística dos processos de
internamentos por MA entre 2000-2010.
Resultados: Registaram-se 60 internamentos (55 crianças),
com predomínio do sexo masculino (53,3%). Mais de 1/3 (36,7%) dos casos ocorreram nos anos 2000 e 2006. A mediana
de idades foi cinco anos. Dezanove doentes (31,7%) tinham antecedentes
de OMA de repetição e 25 (41,7%) outras patologias do foro ORL. História recente de OMA descrita em 48,3%, todos
submetidos a AB. A clínica cursou com febre (75%), otalgia
(93,3%), sinais inflamatórios retroauriculares (100%) e otorreia
(36,7%). Em nove casos foi colhida zaragatoa do exsudado otológico
para exame cultural, isolando-se Pseudomonas aeruginosa
num deles. Identificaram-se complicações em oito casos
(13,3%). Idade inferior a dois anos, sexo masculino, AB prévia e
ausência de otalgia foram mais frequentes nos casos complicados
(p ≤ 0,05). Todos fizeram AB endovenosa, 53,3% com cefalosporinas
de 2ª/3ª geração, com duração média total AB de 13 dias. Houve intervenção cirúrgica em três casos.
Conclusão: Contrariamente ao que alguns autores advogam,
não se verificou aumento do número de internamentos por
MA ao longo dos anos do estudo. Idade inferior a dois anos, sexo
masculino, AB prévia e ausência de otalgia parecem constituir fatores
preditivos para complicações. A utilização de AB criteriosa
e miringotomia devem ser incentivadas. ABSTRACT
Introduction: Acute mastoiditis is the most frequent complication
of acute otitis media. Antimicrobial therapy and healthcare
improvement have dramatically decreased its incidence,
although in the last decade a resurgence of the disease has been
noticed.
Objectives: To evaluate sociodemographic, clinical, laboratory
and therapeutic features of acute mastoiditis and to identify
risk factors for complications in the paediatric population at a
level II hospital; development of a proposed guideline.
Materials and methods: Systematic review of patients’
charts admitted with the diagnosis of AM in the 2000-2010
period.
Results: Sixty patients (55 children) were admitted,
predominantly male (53,3%). More than 1/3 (36,7%) of cases
occurred in 2000 and 2006. The median age was five years.
Nineteen patients (31,7%) had a previous history of recurrent
middle ear infections, and 25 (41,7%) had other ENT disorders.
48,3% had a recent diagnosis of acute otitis media, all submitted
to antimicrobial therapy. The symptoms were fever (75%), otalgia
(93,3%), local inflammatory signs (100%) and otorrhea (36,7%).
Middle ear effusion, gathered by swabs, was cultured in nine
cases, with Pseudomonas aeruginosa isolated in one case.
Complications were found in eight patients (13,3%). Younger age
(less than two years old), male sex, prior antimicrobial therapy,
absence of otalgia were more common in complicated cases (p
≤ 0,05). All patients were submitted to IV antibiotics: 53,3% with
second/third generation cephalosporins, for an average of 13
days. Three patients required surgery.
Conclusion: Against some databases, there wasn’t an
increased number of admissions for MA, over the years of the
study. Age less than two years, male gender, previous antimicrobial
therapy and absence of ear pain seem to be predictive factors
for complications. The criterious use of antimicrobial therapy and
myringotomy should be emphasized.