Descrição
RESUMO
Introdução: A displasia de desenvolvimento da anca (DDA)
é uma patologia congénita, cujo rastreio é baseado no exame
físico sistemático, existindo controvérsia sobre quais as crianças
que deverão ser submetidas a métodos imagiológicos.
O protocolo de rastreio utilizado na nossa maternidade inclui
o exame físico a todos os recém-nascidos, complementado
por ecografia das ancas, sempre que existam fatores de risco
para DDA (suspeita clínica, antecedentes familiares, apresentação
pélvica, gemelaridade, malformação dos membros inferiores,
oligoâmnios). Se a ecografia revelar alterações é repetida após
um mês, e aos cinco meses realizada radiografia das ancas.
Objetivo: Avaliar a adequação e valor do protocolo de rastreio
da DDA utilizado no nosso hospital. Identificar as implicações
diagnósticas da inclusão de crianças com fatores de risco
no protocolo.
Material e Métodos: Análise descritiva retrospetiva dos
dados clínicos das crianças incluídas no protocolo entre 2001
e 2006.
Resultados: Foram incluídas no protocolo 668 crianças,
102 das quais com alterações sugestivas de DDA na primeira
ecografia (incidência de 11,7/1000 nados-vivos). Os sinais de
Ortolani e Barlow em conjunto tiveram especificidade de 99,8%
e sensibilidade de 22,5% para o diagnóstico, porém em 40 crianças
foi diagnosticada DDA na ausência de alteração física. Em
29 casos foram utilizados dispositivos de abdução das ancas,
não havendo necessidade de cirurgia. Não se registaram complicações;
2,7% abandonaram o protocolo.
Conclusão: A inclusão de crianças com fatores de risco
permitiu detetar casos de DDA sem qualquer sinal clínico e iniciar
precocemente o tratamento. A evolução favorável, a ausência de
complicações e a boa aderência dos utentes permitem-nos concluir
que o protocolo é eficaz. ABSTRACT
Introduction: Developmental dysplasia of the hip (DDH)
is a congenital condition that is screened based on systematic
physical examination. Submission to image exams and its optimal
occasion remains controversial.
The screening protocol used in our hospital includes
physical examination to all neonates, complemented by hip
ultrasound (US) if any risk factor for the development of DDH is
detected: clinical suspicion, family history, breech presentation,
multiple gestation, lower limb deformity or oligoamnius. In case
of suspected anomaly, US is repeated one month after and hip
radiography is performed at five months of age.
Aims: Evaluate the adequacy and value of the screening
protocol for DDH used in our hospital and to identify the diagnostic
implications of including high risk children.
Methods: Descriptive retrospective analysis of clinical data
of children admitted to the protocol from 2001 to 2006.
Results: One hundred and two of the 668 children submitted
to the protocol were considered to have US DDH criteria (incidence
11.7/1000 live births). Barlow and Ortolani signals, when used
together, had a specificity of 99.8% and a sensibility of 22.5% to
the diagnosis, but 40 of the screened had n clinical signs. In 29
cases hip abduction corrective devices were used and there was
no need for surgical correction. There were no complications of
treatment; 2.7% of the children abandoned the protocol.
Conclusion: The inclusion of children with risk factors
allowed the detection of DDH without clinical findings and their
early treatment. The favourable outcome and the inexistence of complications
allow us to conclude that the protocol is effective.