Author(s):
Leal, E
; Mascarenhas, A
; Pereira-da-Silva, L
; Neto, MT
; Serelha, M
Date: 2011
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.17/988
Origin: Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
Subject(s): Encefalopatia Hipóxico-Isquémia; Asfixia Perinatal; Hipotermia; Sequelas; HDE UCI NEO
Description
Introdução: A encefalopatia hipoxico-isquémica (EHI) é uma causa importante de
mortalidade e morbilidade a longo prazo. Estima-se que anualmente ocorram 1 a 8 casos
/1000 nascimentos. A asfixia perinatal mantida é a causa mais frequente de EHI.
Objectivo: Avaliar a evolução a curto e longo prazo de crianças com EHI devido a
asfixia perinatal.
Metodologia: Estudo prospectivo histórico. População: Recém-nascidos (RN)
consecutivos, nascidos na maternidade do HDE, com idade gestacional ≥ 37 semanas,
admitidos na UCIN com os diagnósticos de EHI e asfixia perinatal, sem anomalias
congénitas major. Período: 04/04/2001 – 31/12/2010. Variáveis: morbilidade,
sobrevivência e sequelas. Covariáveis: peso ao nascer, idade gestacional, índice de
Apgar, eventos peri-parto e tipo de parto.
Resultados: Dos 19365 nados-vivos (NV), foram incluídos 28 RN (incidência
1,4/1000). Características da amostra: 68 % do sexo masculino; peso médio ao nascer
3180 g, mediana da idade gestacional 39,4 semanas. Índice de Apgar: moda ao 1º, 5º e
10º minuto, respectivamente 2, 5 e 7. Eventos peri-parto mais frequentes: líquido
amniótico meconial (46,4%), alterações cardiotocográficas (50%) e circular cervical
apertada (10,7%). Em 67,8% dos casos, foi realizada cesariana de emergência. Todos os
RN necessitaram de manobras de reanimação. Desenvolveram EHI: ligeira 12 (42,9%),
moderada 7 (25%) e grave 9 (32,1%). Ocorreram convulsões em 66% dos RN e
disfunção multiorgânica em 12 RN (42,9%). Dos exames de imagem, a ecografia
transfontanelar (ECOTF) foi realizada em 89,3% dos casos, o electroencefalograma
(EEG) em 67,9% e a RMN em 32,1%. A ECOTF revelou alterações sugestivas de EHI
em todos os casos; o EEG evidenciou anomalia da actividade eléctrica em 73,7% e a
RMN revelou achados compatíveis com EHI em 100%. Houve 3 óbitos. Dos
sobreviventes, 75% foram seguidos em consulta hospitalar, apresentando como sequelas graves paralisia cerebral (22,2%), atraso global do desenvolvimento (16,6%), epilepsia
(11,1%), surdez neurossensorial (5,6%) e hemiparésia (5,6%).
Conclusões: A incidência de EHI por asfixia foi 1,4/1000 NV. Verificou-se EHI ligeira
em 42,8% dos casos. A mortalidade foi de 14,3%. Nos 18 casos seguidos, 38,9% não
apresentavam sequelas ou tinham sequelas ligeiras. Apenas um caso foi submetido a
hipotermia, sendo esta uma terapêutica promissora.