Author(s):
Feliciano, J
; Fiarresga, A
; Timóteo, AT
; Pelicano, NJ
; Cacela, D
; Cruz Ferreira, R
; Ferreira, ML
; Gonçalves, JM
; Quininha, J
Date: 2005
Persistent ID: http://hdl.handle.net/10400.17/536
Origin: Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
Subject(s): Doença Aguda; Angina Instável; Angioplastia Coronária de Balão; Efeitos Adversos; Enfarte do Miocárdio; Estudos Retrospectivos; Síndrome; Resultado de Tratamento; HSM CAR
Description
Introdução: Em doentes com enfarte agudo do
miocárdio (EAM), a angioplastia percutânea
(ACTP) é de forma crescente aceite como a
terapêutica de reperfusão mais eficaz. No
sexo feminino estão descritos factores com
implicação prognóstica na evolução do EAM.
Existem diferenças detectáveis de
morbilidade e mortalidade, após ACTP
directa, no sexo feminino?
Objectivos: Avaliar o perfil clínico e os
resultados, em termos de morbilidade e
mortalidade intrahospitalar, em mulheres
submetidas a angioplastia directa por
síndrome coronário agudo (SCA) com
supradesnivelamento do segmento ST.
Metodologia: Análise retrospectiva de 245
doentes consecutivos, 72 dos quais do sexo
feminino (29,4 %), admitidos entre Janeiro de
2000 a Dezembro de 2001 por SCA com
supradesnivelamento do segmento ST e
submetidos a ACTP directa. Avaliámos a
prevalência dos vários factores de risco
cardiovascular – hipertensão arterial (HTA),
tabagismo, dislipidémia, diabetes mellitus,
história familiar –; antecedentes pessoais de
angina, EAM e angioplastia prévios; horas de
evolução do enfarte; características
angiográficas e evolução clínica.Resultados: Do estudo descritivo dos dados,
verificou-se que os doentes do sexo feminino
eram mais idosos (67,9 ± 11,6 vs 59,6 ± 13;
p < 0,001), com maior prevalência de HTA
(65,3% vs 47,4 %; p < 0,05) e angina (29,0%
vs 16,0 %; p < 0,05) e menor prevalência de
tabagismo (27,8% vs 54,3 %; p < 0,001). A
demora média (horas) entre o início da
sintomatologia e a ACTP foi significativamente maior nas mulheres
(6,8 ± 4,1 vs 5,4 ± 3,7; p < 0,05).
Angiograficamente, o número de lesões
existentes e abordadas foi semelhante nos
dois grupos. Utilizaram-se inibidores da
glicoproteína IIb/IIIa em 84,7% das
mulheres e 90,8% dos homens. Dos eventos
considerados, verificou-se maior ocorrência
de complicações hemorrágicas minor (5,6%
vs 5,2 %), arritmias (15,3% vs 10,4 %) e
mortalidade intrahospitalar (9,7% vs 6,4 %)
no sexo feminino, sem no entanto apresentar
significado estatístico. A demora média intra-
-hospitalar foi semelhante nos dois grupos.
Conclusão: Apesar da crescente preocupação
com a homogeneidade de abordagens
diagnósticas e terapêuticas nos dois sexos,
particularmente no acesso a terapêutica de
reperfusão, a morbilidade e mortalidade são
tendencialmente superiores na nossa
população, sem contudo atingir significado
estatístico. A idade mais avançada e a maior
demora até à realização da angioplastia,
podem explicar esta discrepância.