Autor(es):
Galrinho, A
; Branco, LM
; Soares, RM
; Miranda, F
; Leal, A
; Cruz Ferreira, R
Data: 2009
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.17/333
Origem: Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
Assunto(s): Cardiomiopatia Dilatada; Ultrassonografia; Aurícula do Coração; Tamanho do Órgão; Prognóstico; Estudos Prospectivos
Descrição
Recentemente, surgiram alguns trabalhos que
ressaltaram a importância do cálculo do
volume da aurícula esquerda (VAE) como um
marcador de eventos cardíacos adversos. Foi
objectivo deste estudo avaliar a importância
prognóstica deste parâmetro em doentes (dts)
com deficiente função ventricular esquerda e
correlacioná-lo com outros parâmetros
clássicos de prognóstico – consumo de O2
(VO2 max) e pro-BNP (pBNP).
Métodos: Analisou-se o volume da aurícula
esquerda (VAE) por método de Simpson, numa população de 35 dts com cardiopatia dilatada (idiopática e isquémica) com fracção de ejecção (FE) 31±9,6% doentes (dts) eram de sexo masculino e a média de idades foi de
50,5±10,5 anos. Toda a população efectuou
estudos de ecocardiografia convencional
(incluindo avaliação por M-mode, bidimensional e Doppler), prova cardiorespiratória (VO2max) e doseamento de
pro-BNP. O tempo médio de seguimento foi de
24 ± 4 meses, tendo-se considerado como
eventos cardíacos (EC): internamento por
insuficiência cardíaca, transplante e morte.
Resultados: Dos parâmetros da ecocardiografia
- o diâmetro da AE foi de 46,6±5,7mm, as dimensões do VE em diástole – 73,5±10mm e
em sístole -58,9±11mm, a média da fracção
de ejecção foi de 31±9,6%, o VAE foi de
78,6±33 ml, os volumes do VE foram de
214±82ml em diástole e de 153±75ml em
sístole, 15 dts tinham padrão restritivo de
enchimento ventricular (E/A>2), a média da
área (Doppler cor) da insuficiência mitral foi de 4±3,3cm2, 14 dts tinham E/E’>15. O VO2
max médio foi de 20±5,8ml/kg/min e o pro-BNP de 3146±4629pg/mL. Para além da correlação de outros parâmetros clássicos ecocardiográficos com o prognóstico (volumes
VE, FE e E/E’), o VAE e o volume indexado
da AE (VAE/SC) mostraram uma correlação
com o prognóstico (EC) com r=0,4 (p=0,02)
que não se verificou para o diâmetro da AE
(p=ns). Em relação à tolerância ao esforço,
houve uma correlação inversa entre o diâmetro, o volume e o volume indexado da
AE e o VO2max, com maior significado
estatístico para o VAE e VAE/SC com
r=-0,48, p=0,008. Quanto ao pro-BNP, quer o
diâmetro, quer o VAE (ou volume indexado)
tiverem o mesmo nível de significado
estatístico (r=0,43; p=0,02). O valor predictivo de eventos (curvas ROC) para o VAE foi de 70ml e de 37ml/m2 para o VAE/m2.
Conclusão: O volume da aurícula esquerda/volume indexado é um parâmetro
ecocardiográfico com significado prognóstico
em dts com deficiente função ventricular
esquerda, correlacionando-se com a tolerância
ao esforço e pro-BNP.