Autor(es):
Rodrigues, V
; Maia, R
; Pedrosa, C
; Brito, MJ
; Cordeiro Ferreira, G
Data: 2011
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10400.17/1075
Origem: Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
Assunto(s): Otite Média; Factores de Risco; Lactente; HDE PED
Descrição
Introdução: A otite média aguda (OMA) é uma patologia comum na infância mas rara
abaixo dos 3 meses de idade
Objectivos: Caracterizar a OMA e avaliar eventuais factores de risco no pequeno
lactente.
Métodos: Estudo descritivo, de 2005 a 2009 em lactentes com menos de três meses,
internados por OMA. Analisaram-se idade, sexo, factores de risco (FR) comorbilidades,
clínica, terapêutica e evolução. A avaliação de factores de risco foi realizada com grupo
de controlo emparelhado para a idade.
Resultados: Registaram-se 58 casos (18 recém-nascidos) com mediana de idades de 30
dias. Em 50 (86,2%) casos havia pelo menos um factor de risco: leite para lactentes
exclusivo (31), agregado familiar com um irmão (31), uso de chupeta (18), atopia
familiar (14), pai fumador (12), regurgitação frequente (11), mãe fumadora (10), refluxo gastroesofágico (5) e prematuridade (4). Trinta e quatro crianças (58,6%) tinham dois ou mais FR.
Registaram-se infecções virais prévias em 38 doentes e nenhum caso cursou com
bacteriémia ou doença invasiva. A mediana do valor dos leucócitos foi 10960/μL e a
proteína C reactiva (PCR) 0,44 mg/dL. Todos fizeram antibioticoterapia endovenosa, a
maioria (69%) com ampicilina e gentamicina (mediana de 7 dias).
Foram FR para a ocorrência de otite ter pelo menos um irmão (p<0,00; OR=0,033; IC
95% 0,006-0,179), a mãe ser fumadora (p<0,019; OR 0,125; IC 95% 0,022-0,715) e
prematuridade (p<0,009; OR 1,047; IC 95% 1,011-1,084). O sexo masculino (p=0,698),
baixo peso (p=0,548), leite para lactentes exclusivo (p=0,301), uso de chupeta
(p=0,101), regurgitação (p=0,646), refluxo gastro-esofágico p=0,594), atopia familiar
(p=0,651) e pai fumador (p=0,609) não foram estatisticamente significativos para OMA.
Foram contactados 30/58 crianças registando-se otites recorrentes em 15 (50%) com
associação estatisticamente significativa entre a recorrência de OMA e o sexo
masculino (43,3%vs6,7%, p=0,03).
Comentários: A OMA no pequeno lactente cursa habitualmente sem repercussão sistémica pelo que a terapêutica endovenosa provavelmente só será necessária no recém-nascido dada a imaturidade farmacocinética deste grupo etário.
A presença de pelo menos um irmão no agregado familiar, a prematuridade e mãe ser
fumadora foram neste estudo factores de risco para a ocorrência de OMA e o sexo
masculino para a recorrência.