Autor(es):
Amorim, José Carlos de Castro
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10216/70344
Origem: Repositório Aberto da Universidade do Porto
Assunto(s): Desenho; Ilustração; Simbolismo
Descrição
Antonio Carneiro (1872 - 1930), epítome do Simbolismo português, cedo transitou de Amarante para um asilo da S.C.M.P. Artista inato, na cidade do Porto iniciou um percurso de formação bipartido entre a conservadora A.P.B.A. (ca.1884-1896) e a experiência externa na "Academia Julian", contemplando a efervescência estética finissecular de Paris (1897-1900). Espírito recolhido, dedicado à familia e aos íntimos, complementou o seu Tour com passagens por ltália (1899) e Bélgica (1900), onde recolheu fontes reflexivas para a sua arte. Desenhista virtuoso, inserido num contexto sociopolítico pautado entre o término da Monarquia e a ascensão republicana, equilibrou a arte portuguesa finissecular entre a tradição e a vanguarda. Constituindo uma obra plural, foi na regular atividade de ilustrador (1888-1929) que democratizou e perpetuou os seus verdadeiros desígnios, ligados ao símbolo,à metafísica e à introspeção. Rodeado pelo humorismo e modernismo, manteve-se antitético a estes paradigmas e encarou o ofício de ilustração como um prolongamento pessoal de devoção e amizade com os escritores, poetas e pensadores que interpretou. Distante da vertente comercial que esta área representou para muitos dos seus contemporâneos, através do levantamento de postais, cartazes, ex-libris e diversas páginas de livros e revistas que ilustrou percebe-se a peculiaridade da sua obra gráfica. É ela pontuada pela alternância entre o rigor técnico e momentos de libertação pictórica. Culto, seletivo e profundo nas suas apreciações, permaneceu absorto ao ruído do meio, mantendo ligações frequentes com movimentos literários. De que se evidenciam os dezoito anos (1911 - 1929) de direção artística e participação gráfica no movimento mental, cultural, formative e editorial da Renascença Portuguesa.