Autor(es):
Correia, António Miguel Barbosa
Data: 2012
Identificador Persistente: http://hdl.handle.net/10216/66005
Origem: Repositório Aberto da Universidade do Porto
Assunto(s): Educação - Filosofia; Ética; Mestiçagem
Descrição
Partindo das ideias do contrato social de Jean-Jacques Rousseau e da ética da responsabilidade de Hans Jonas, podemos entender uma das noções centrais da filosofia de Michel Serres: o contrato natural. Outrora inexpugnável, a natureza, cenário da vida e do agir do homem, necessita agora de ser entregue aos cuidados do homem para que possa continuar a ser habitável. De hospedeiro, o nosso planeta, deve tornar-se nosso parceiro para que ambos possam continuar a viver. A emergência desta nova relação obriga a repensar eticamente a nossa conduta, particularmente, em termos de responsabilidade. Mergulhando na obra de Michel Serres, abordaremos a sua filosofia da relação, que torna possível compreender o nosso universo descentrado, em rede, onde o local paulatinamente desaparece a favor do global. Esta ideia de relação é intrínseca a uma das noções mais importantes da sua obra: o parasitismo. A apropriação do mundo, a partir do acto de poluir, constitui também uma ideia importante para compreendermos não só a relação parasitária, mas, também, a imperiosa necessidade de estabelecermos uma relação de simbiose com o planeta. Esta simbiose solidifica-se através de um contrato natural, ou seja, um contrato de locação, onde nunca nos tornamos proprietários do mundo, mas apenas seus locatários temporários. Em lugar apropriação do mundo, emerge a responsabilidade para com a natureza, a única atitude capaz de salvaguardar a paz e a sobrevivência da humanidade. Na esteira destas ideias podemos reflectir sobre o contributo da obra de Michel Serres para a Filosofia da Educação, especialmente, através do seu conceito de mestiçagem, onde o homem é visto como uma mescla de vivências e culturas e onde a aprendizagem é concebida como um exercício de simbiose.